Pode parecer um
sonho ou apenas uma excentricidade, mas a ideia de construir um avião para dar a
volta ao mundo sem carburante fóssil e que usa apenas a energia solar, embora
pretenda sensibilizar os dirigentes políticos mundiais para a necessidade de se
apostar mais nas energias renováveis em detrimento das energias fósseis, é também
um ambicioso desafio tecnológico que poderá estar a abrir caminho para uma nova
era e uma nova economia dos transportes.
O avião de
propulsão solar Impulse II pretende
dar a volta ao mundo e percorrer 35 mil quilómetros a uma velocidade média
entre 50 e 100 km por hora, numa viagem que constará de 12 etapas e demorará
cinco meses. O avião tem uma silhueta muito peculiar, com umas enormes asas de
72 metros de envergadura, maiores do que as asas de um Boeing 747 Jumbo que medem 68,5 metros, estando coberto por uma
fina capa de carbono que aloja 17.248 células solares, que lhe asseguram
autonomia durante cinco dias e cinco noites. A sua velocidade máxima será de 90
km por hora ao nível do mar e de 140 km por hora à altitude máxima de 8.500
metros.
O sonho e a aventura
começaram ontem e o jornal Le Télégramme que se publica em
Lorient, foi um dos periódicos que destacou esse acontecimento. Tripulado pelos pilotos suíços Bertrand Piccard e André Borschberg, o Impulse II partiu do aeroporto de Al
Batin no Abu Dhabi e aterrou em Mascate, capital do sultanato de Oman, cerca de
12 horas depois, terminando com sucesso a primeira etapa da sua volta ao mundo.
Hoje, o avião
partiu para a sua segunda etapa com destino a Ahmedabad, a capital do estado
indiano do Guzerate, onde chegará depois de 16 horas de voo. Depois voará para
Myanmar e para a China, seguindo-se a maior de todas as etapas entre
Nanking e Hawai, que se estima demore cinco dias. Os progressos da Humanidade
começam sempre com estes sonhos, estas aventuras ou estas extravagâncias.
Chamem-lhe o que quiserem mas o voo do Impulse II parece um sonho e, como disse António Gedeão, “o sonho comanda a
vida”.