sexta-feira, 13 de maio de 2011

A conjura de Gomes Freire

LISBOA – Campo dos Mártires da Pátria
No dia 18 de Outubro de 1817 foram enforcados no Campo de Santana onze oficiais do Exército, companheiros do general Gomes Freire de Andrade, acusados de conspirar contra a monarquia de D. João VI (então ausente no Brasil), que era representada por uma Junta Governativa, ou governo militar, chefiado pelo general britânico William Beresford.
Em 1879 o antigo Campo de Santana passou a designar-se Campo dos Mártires da Pátria, em memória daqueles que em 1817 foram enforcados nesse local. Em 1917 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou-os com uma lápida que diz o seguinte:

EM 18 DE OUTUBRO DE 1817 FORAM SUPLICIADOS NESTE CAMPO POR DEFENDEREM A LIBERDADE E A INTEGRIDADE DA PATRIA OS HEROICOS COMPANHEIROS DO GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE CUJOS NOMES SE RECORDAM À POSTERIDADE

JOSÉ JOAQUIM PINTO DA SILVA
JOÃO CAMPELO DE MIRANDA
JOSÉ RIBEIRO PINTO
MANOEL MONTEIRO DE CARVALHO
HENRIQUE JOSÉ GARCIA DE MORAES
JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES
ANTÓNIO CABRAL CALHEIROS FURTADO E LEMOS
PEDRO RICARDO FIGUEIRÓ
MANOEL DE JESUS MONTEIRO
MANOEL INÁCIO DE FIGUEIREDO
MAXIMIANO DIAS RIBEIRO

HONRA À SUA MEMÓRIA
ESTA LÁPIDA SIGNIFICA A HOMENAGEM DA CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA NA COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DOS GLORIOSOS EXTINCTOS.18 OUTUBRO DE 1917

Pedras esquecidas

O Diário de Notícias iniciou hoje a publicação de um trabalho de investigação sobre o património construído em Portugal, em que informa que há 3397 obras em pedra entre capelas, castelos, conventos, mosteiros, teatros e outros tantos exemplares que clamam por atenção e preservação.
Desse imenso património “esquecido” por falta de verbas, por incapacidade das diversas entidades que o tutelam, mas também por incúria, destacam-se 791 monumentos classificados como nacionais, 2152 como imóveis de interesse público e 454 imóveis de interesse municipal. O jornal seleccionou 36 desses monumentos, tendo analisado com muita informação ealgum detalhe cada um deles.
Todos conhecemos esta triste realidade, mas eu não imaginava que tivesse essa dimensão. O património construído tem um valor histórico, artístico e cognitivo e não representa apenas a preservação das nossas memórias identitárias, mas também tem um valor económico e é um importante aliado da actividade turística que, como é sabido, é um vector das nossas “exportações”.
Existe em Portugal a capacidade técnica e a experiência para todos os tipos de trabalho de conservação e essa actividade poderá ser uma alavanca para a recuperação directa e indirecta da nossa economia, além de permitir que “as pedras esquecidas” readquiram a sua dignidade.