sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Os Leopard como instrumento da escalada

A mais recente edição da revista Der Spiegel destaca na capa a imagem de um tanque Leopard e o seu conteúdo tem como assunto principal a decisão alemã de fornecer catorze desses tanques à Ucrânia. O título escolhido é uma interrogação muito pertinente:
“Agora a Ucrânia pode vencer?”, enquanto o subtítulo refere “Como o Leopard está a mudar a guerra – e o que o Ocidente está a arriscar no processo”.
A revista tratou de conhecer a opinião dos alemães quanto a esta decisão e, segundo uma pesquisa de opinião, a entrega dos tanques teve a aprovação da maioria da população alemã, embora o mesmo não aconteça em relação a uma eventual cedência de caças, que parece ser a nova exigência ucraniana. Refere a revista que “com a entrega de tanques Leopard, a guerra ucraniana está entrando em uma nova e perigosa fase”, perguntando “se o chanceler Scholz está à altura da tarefa”.
Dos diferentes artigos inseridos na revista parecem ressaltar três ideias principais: a “vontade ocidental de ganhar a guerra”, “o medo da escalada” e a enorme pressão dos “belicistas”.
Naturalmente “o Ocidente quer que Kiev vença esta guerra e isso é mostrado pelas entregas de tanques de batalha”. No que respeita à escalada, é salientado que a Rússia já considerou que “foi cruzada uma linha vermelha”, esperando-se a sua reacção no terreno. Quanto às pressões dos belicistas, a revista anuncia que “os fabricantes alemães de armas estão enfrentando um negócio de biliões de dólares”.
É certo que às dúvidas de Olaf Scholz e à sua decisão demorada e difícil, se juntou Joe Biden ao anunciar a entrega de 31 tanques Abrams, embora esclarecendo que se trata de ajudar a Ucrânia a defender o seu território, isto é, “não é uma ameaça ofensiva à Rússia”.
Mesmo com a nossa tradução pouco rigorosa, estas parecem ser as linhas principais da edição do Der Spiegel.

O turismo chinês está de regresso a Macau

A epidemia do covid-19 afectou severamente o turismo de Macau, mas com o fim das quarentenas e das restrições pandémicas impostas pelas autoridades chinesas, muitos milhares de pessoas das regiões vizinhas de Macau voltaram àquela região autónoma especial da República Popular da China. Na sua edição de hoje, o jornal ponto final publica uma fotografia das ruínas de São Paulo, um dos mais expressivos ex-libris da cidade e um dos maiores testemunhos da herança cultural portuguesa, escrevendo que “turistas, sem medo da pandemia, voltam a encher as ruas de Macau”. O jornal fez uma pequena reportagem sobre este enorme afluxo de turistas que aproveitaram os feriados do Ano Novo Lunar e que, mais do que o interesse pelos casinos, vieram à procura da boa comida, da paisagem da cidade e… do ouro. O ouro é um símbolo de sorte para os chineses, que compram ouro no primeiro dia do ano para terem sorte no resto do ano, acontecendo que o ouro de Macau se tornou uma imagem de marca muito apreciada, sobretudo pela falta de confiança no ouro do interior da China.
Depois de três anos de crise, os comerciantes da baixa de Macau estão optimistas, apesar do volume de turistas ainda estar a cerca de 50% do que havia no período equivalente anterior à pandemia. Refira-se que, segundo os números divulgados pelos Serviços de Turismo, no ano de 2022 a cidade recebeu 5,7 milhões de turistas, um número bem longe dos valores de 2019, quando Macau recebeu 40 milhões de turistas, quase sessenta vezes a população da cidade.
O turismo é realmente muito importante para a economia macaense, como também é importante a carga emocional de vermos as ruínas de São Paulo na capa do jornal ponto final.