A mais recente
edição da revista Der Spiegel destaca na capa a imagem de um tanque Leopard e o seu conteúdo tem como
assunto principal a decisão alemã de fornecer catorze desses tanques à Ucrânia.
O título escolhido é uma interrogação muito pertinente:
“Agora a Ucrânia
pode vencer?”, enquanto o subtítulo refere “Como o Leopard está a mudar a guerra – e o que o Ocidente está a arriscar
no processo”.
A revista tratou
de conhecer a opinião dos alemães quanto a esta decisão e, segundo uma pesquisa
de opinião, a entrega dos tanques teve a aprovação da maioria da população alemã,
embora o mesmo não aconteça em relação a uma eventual cedência de caças, que
parece ser a nova exigência ucraniana. Refere a revista que “com a entrega de tanques Leopard,
a guerra ucraniana está entrando em uma nova e perigosa fase”, perguntando “se o
chanceler Scholz está à altura da tarefa”.
Dos diferentes artigos
inseridos na revista parecem ressaltar três ideias principais: a “vontade ocidental
de ganhar a guerra”, “o medo da escalada” e a enorme pressão dos “belicistas”.
Naturalmente “o Ocidente quer que Kiev
vença esta guerra e isso é mostrado pelas entregas de tanques de batalha”. No
que respeita à escalada, é salientado que a Rússia já considerou que “foi
cruzada uma linha vermelha”, esperando-se a sua reacção no terreno. Quanto às
pressões dos belicistas, a revista anuncia que “os fabricantes alemães de armas
estão enfrentando um negócio de biliões de dólares”.
É certo que às dúvidas de Olaf Scholz e à sua decisão demorada e difícil,
se juntou Joe Biden ao anunciar a entrega de
31 tanques Abrams, embora
esclarecendo que se trata de ajudar a Ucrânia a defender o seu território, isto
é, “não é uma ameaça ofensiva à Rússia”.
Mesmo com a nossa tradução pouco rigorosa, estas parecem ser as
linhas principais da edição do Der Spiegel.
Quando o desejo da paz não é o factor comum dos poderosos, a imaginação começa a ser curta para tentar prever o futuro.
ResponderEliminarÉ uma medida política, e o fato da Alemanha ter sido pressionada a fornecer tanques tem a ver com os esforços anglo-americanos de prevenir um possível entendimento entre a Rússia e a Alemanha (por isso é que o Nordstream 2 foi sabotado, para não haver volta atrás). Os Abrams e Leopard 2, de 70 e 60 toneladas respectivamente, são inúteis na Ucrânia durante a maior parte do ano por se atolarem no terreno, isto se forem tripulados por militares que normalmente precisam de anos para aprender a operá-los. Cada uma destas máquinas requer um tipo diferente de munição, de controlo de fogo, de operação e de manutenção, sendo que para uma hora de operação, requer de 3 a 6 horas de manutenção especializada, que só existe na Polónia. A pergunta é se estes tanques serão destruídos a caminho da frente de guerra, se serão operados por tripulações da NATO (que vão arriscar as suas vidas), ou se entretanto foram ucranianos treinados para os operar desde há mais de um ano, o que nesse caso pode indicar que havia uma intenção da NATO por trás ainda antes deste conflito estalar. Mas a preocupação da NATO nunca foi uma arquitetura de segurança de paz para a Europa, mas sim a expansão como justificativa da sua existência.
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