Os americanos
gostam de se meter em tudo o que se passa no mundo, como se tivessem a
obrigação de o regulamentar e de o policiar ou, dito de outra maneira, entendem
que o que é bom para a América é bom para o mundo. Para justificar essa ideia, a edição do
hojemacau apresenta na sua capa a imponente fachada das ruinas do Colégio de S. Paulo, com a Estátua da Liberdade a espreitar...
Isto vem a
propósito do mais recente relatório sobre os direitos
humanos no mundo divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano, que
aponta aoterritório de Macau alguns problemas de direitos humanos, nomeadamente
algumas restrições à liberdade de imprensa e à liberdade na vida académica,
certas limitações na capacidade política dos cidadãos e, ainda, sobre tráfico
humano.
O chefe do executivo macaense Fernando Chui Sai rejeitou os comentários
contidos no referido relatório que classificou de “irresponsáveis” e afirmou
que os asuntos nele tratados são “assuntos internos da China”.
Segundo o governo de Macau, nos termos da Constituição e da Lei Básica,
estão garantidos ”os amplos direitos e liberdades, gozados pela população da
RAEM”, mas em Washington há perspectivas diferentes. Um dos aspectos focados
refere-se à autocensura dos jornalistas, mas esse é um problema universal dos mass media, isto é, o chamado jornalista
independente tende a desaparecer para ser substituido por quem satisfaça a
vontade do patrão ou do patrocinador.
O Departamento
de Estado também refere que os académicos macaenses têm sido desencorajados ou
impedidos de estudar ou falar sobre tópicos controversos relacionados com a
China e salienta as limitações à participação política dos cidadãos. Outros
aspectos citados no relatório são as desigualdades salariais entre homens e
mulheres e a vulnerabilidade dos mais jovens e dos migrantes ao trabalho
forçado e à prostituição. Porém, apesar das críticas, o documento saúda a
atitude do governo de Macau relativamente a investigações feitas por organizações
locais ou internacionais, sustentando que “operam sem restrições” e que, “na
maioria das vezes, as autoridades cooperam e reagem de forma apropriada às suas
opiniões”.