quinta-feira, 15 de setembro de 2022

A guerra na Ucrânia e a posição de Ursula

Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia esteve ontem em Estrasburgo para falar ao Parlamento Europeu sobre o estado da União Europeia. Esperava-se que falasse mais sobre a crise energética, pois disse que “milhões de pessoas estão a precisar de ajuda e que pagar as contas ao fim do mês está a tornar-se uma fonte de ansiedade para famílias e empresas”. Anunciou, também, cortes no consumo de energia e avisou que o inverno vai ser difícil, mas que teriam que ser os governos nacionais a tomar as decisões, coisa que poucos tomarão por serem impopulares. A edição de hoje do jornal alemão die tageszeitung dedicou-lhe a sua primeira página e escreveu “Sind so leere Hände” que, em português, significa “são mãos tão vazias”. O que ela queria era falar da Ucrânia. E falou. Demoradamente. 
O seu discurso foi considerado muito corajoso ao dar todo o seu apoio à Ucrânia, enquanto escolheu para esta sessão um fato azul e amarelo com as cores da bandeira ucraniana, o que foi considerado uma poderosa declaração de solidariedade para com o povo ucraniano, mas que também foi uma afirmação de exibicionismo populista, como se os dirigentes e os deputados europeus fossem membros de uma qualquer claque de futebol das mais fanáticas. Se a vestimenta tem algum significado, então melhor seria que ela vestisse de branco, porque a Europa deve ser mediadora e não uma parte activa naquele conflito.
Disse ela que o responsável pela situação é Vladimir Putin e tem razão. Foi ele que não resistiu às provocações e avançou com a tal “operação militar especial”. Hoje já se vê que não haverá vencedores e que todos somos perdedores. Porém, são vários os dirigentes europeus que querem o fim da guerra e que têm mantido algum diálogo com o agressor, procurando saídas para a situação. Entre eles, com alguma prudência, têm estado Scholz, Macron e Erdogan, todos eles líderes de países membros da NATO e que querem um cessar-fogo e a paz, enquanto noutra postura têm estado os americanos, os ingleses e… Ursula von der Leyen, que querem a derrota total de Putin.  
Ursula von der Leyen continua a anunciar apoios à Ucrânia e garante que a União Europeia vai ajudar “tanto tempo quanto for preciso”. Ela lá sabe.