Ursula von der Leyen, a presidente da
Comissão Europeia esteve ontem em Estrasburgo para falar ao Parlamento Europeu
sobre o estado da União Europeia. Esperava-se que falasse mais sobre a crise
energética, pois disse que “milhões de pessoas estão a precisar de ajuda e que
pagar as contas ao fim do mês está a tornar-se uma fonte de ansiedade para
famílias e empresas”. Anunciou, também, cortes no consumo de energia e avisou que o
inverno vai ser difícil, mas que teriam que ser os governos nacionais a tomar as
decisões, coisa que poucos tomarão por serem impopulares. A edição de hoje do jornal
alemão die tageszeitung dedicou-lhe a sua primeira página e escreveu
“Sind so leere Hände” que, em português, significa “são mãos tão vazias”. O que ela queria era falar da Ucrânia. E falou. Demoradamente.
O seu discurso foi
considerado muito corajoso ao dar todo o seu apoio à Ucrânia, enquanto escolheu para esta sessão um fato azul e amarelo com as cores da bandeira
ucraniana, o que foi considerado uma poderosa declaração de solidariedade para
com o povo ucraniano, mas que também foi uma afirmação de exibicionismo populista,
como se os dirigentes e os deputados europeus fossem membros de uma qualquer
claque de futebol das mais fanáticas. Se a vestimenta tem algum significado,
então melhor seria que ela vestisse de branco, porque a Europa deve ser mediadora
e não uma parte activa naquele conflito.
Disse ela que o responsável pela
situação é Vladimir Putin e tem razão. Foi ele que não resistiu às provocações
e avançou com a tal “operação militar especial”. Hoje já se vê que não haverá
vencedores e que todos somos perdedores. Porém, são vários os dirigentes
europeus que querem o fim da guerra e que têm mantido algum diálogo com o
agressor, procurando saídas para a situação. Entre eles, com alguma prudência,
têm estado Scholz, Macron e Erdogan, todos eles líderes de países membros da
NATO e que querem um cessar-fogo e a paz, enquanto noutra postura têm estado os
americanos, os ingleses e… Ursula von der Leyen, que querem a
derrota total de Putin.
Ursula von der Leyen continua a
anunciar apoios à Ucrânia e garante que a União Europeia vai ajudar “tanto
tempo quanto for preciso”. Ela lá sabe.
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