Na margem sul do
Mediterrâneo situa-se a República Argelina Democrática e Popular com mais de
dois milhões de km2 e mais de 40 milhões de habitantes. A sua
capital é a cidade de Argel que fica aqui bem perto, a cerca de 1000 km de Lisboa, a 400 km de Valência e a 750 km de Marselha. Por
isso, tudo o que se passa na Argélia e de uma forma mais geral no Magrebe, não
nos pode deixar indiferentes.
A Argélia foi
administrada pela França desde 1830, mas a partir de 1954 iniciou uma luta
armada conduzida pela sua Frente de Libertação Nacional, que foi muito violenta
e que terminou em 1962 com a independência do país.
Apesar da presença
colonial francesa, o islamismo é a religião predominante do país e as línguas
oficiais são o árabe e o berbere, ambos com algumas influências francesas. Nesse
quadro religioso e linguístico, a conflitualidade entre grupos é muito grande e
em 1991, na sequência da anulação das eleições que tinham sido vencidas pela
Frente de Salvação Islâmica (FIS), teve início um confronto entre o governo e
alguns grupos rebeldes islâmicos que ficou conhecido como a guerra civil
argelina, que se prolongou até 2002 e que se terá traduzido em mais de 150 mil mortes.
Entretanto, em 1999
foi eleito para presidente Abdelaziz Bouteflika, que tem sido sucessivamente
reeleito até agora, o que muito tem contribuido para a estabilidade do país.
A revista semanal
francesa Valeurs dedica a sua última edição à preocupante “bomba
argelina”, porque qualquer turbulência no país terá um enorme impacto em França
mas também na Europa, com mais emigração e mais agitação nas suas periferias
urbanas. O cenário de turbulência é uma realidade a que os estrategas terão que estar bem atentos. Além disso, o
potencial militar argelino é moderno e significativo, o que também preocupa os
governos da margem norte do Mediterrâneo, sobretudo se a orientação política argelina
não conseguir conviver com o radicalismo islâmico que sempre existiu no seu
território.
“La bombe algérienne” é, realmente, uma ameaça à estabilidade do
Mediterrâneo Ocidental como sugere a revista francesa.