terça-feira, 12 de setembro de 2023

A noite dos artistas aconteceu no Algarve

Foi uma noite de festa para os portugueses que gostam do futebol e apreciam a qualidade artística dos executantes que fazem aquele espectáculo, sem olhar à cor das suas camisolas. A selecção nacional nunca vencera um desafio por nove golos sem resposta e, por isso, o resultado de ontem à noite no Estádio do Algarve contra o Luxemburgo fica registado no historial do futebol português. Foi a noite dos artistas. Nunca se vira um resultado destes em 102 anos de história da selecção nacional. 
O jornal A Bola destacou a palavra “perfeito” para caracterizar uma excepcional exibição colectiva em que todos os jogadores brilharam e se sentiram apoiados pelo público algarvio. Provavelmente foi uma noite futebolística inesquecível.
O Luxemburgo é um pequeno país que é muito rico mas que não pertence à elite do futebol mundial e “pagou as favas”. A equipa luxemburguesa teve que defrontar uma equipa em que se destacam jogadores cujas credenciais são temíveis, pois jogam no Manchester City, no Manchester United, no Liverpool, no Paris Saint-Germain, no Milan ou no Barcelona. Quem não se assusta com esta gente? Os nove golos foram marcados por seis diferentes jogadores e, na defesa, não há golos sofridos exactamente há seis jogos.
Num tempo de tantas incertezas e de tantas interrogações, umas internas e outras internacionais, estes sucessos futebolísticos servem para animar o nosso povo e colocar a autoestima lusitana num plano mais elevado.

Evocando a coragem de Salvador Allende

Passaram ontem 50 anos sobre o golpe de estado que levou à morte de Salvador Allende, o presidente da República do Chile que fora eleito em eleições livres, a que se seguiu uma feroz ditadura militar encabeçada pelo general Augusto Pinochet. A perseguição feita aos democratas chilenos provocou milhares de mortos, desaparecidos e exilados, o que fez da ditadura chilena uma das mais sanguinárias da história moderna. 
Pinochet quis eternizar-se no poder mas essa intenção foi rejeitada pelo povo chileno num referendo nacional que em 1990 abriu as portas à restauração da democracia, embora só em 2006, depois da morte do ditador, é que a democracia chilena de facto regressou ao país.
Por razões diversas, sobretudo de natureza económica, mas também porque muitas organizações chilenas de direitos humanos continuam a reivindicar "verdade e justiça", as “evocações dos 50 anos do golpe” foram este ano mais polarizadas do que nunca.
Porém, muitos jornais sul-americanos evocaram a memória e lembraram a coragem de Salvador Allende nas suas edições de ontem. O diário colombiano El Espectador publicou uma destacada homenagem a Salvador Allende e aos milhares de vítimas de golpe de 11 de Setembro de 1973, com uma das mais expressivas imagens daquele dia, que mostra os soldados às ordens dos generais chilenos a cercarem o Palácio de La Moneda em Santiago do Chile, de onde irrompiam chamas provocadas pelos ataques da aviação chilena.
O país de Pablo Neruda tem actualmente como presidente Gabriel Boric, um político de 36 anos de idade, cuja linha política é semelhante à de Salvador Allende, um homem cuja coragem foi registada no filme "Chove em Santiago" e que permanece como um símbolo no imaginário dos democratas do mundo inteiro.