Passaram ontem 50
anos sobre o golpe de estado que levou à morte de Salvador Allende, o
presidente da República do Chile que fora eleito em eleições livres, a que se
seguiu uma feroz ditadura militar encabeçada pelo general Augusto Pinochet. A
perseguição feita aos democratas chilenos provocou milhares de mortos,
desaparecidos e exilados, o que fez da ditadura chilena uma das mais
sanguinárias da história moderna.
Pinochet quis eternizar-se no poder mas essa
intenção foi rejeitada pelo povo chileno num referendo nacional que em 1990 abriu as portas à restauração
da democracia, embora só em 2006, depois da morte do ditador, é que a
democracia chilena de facto regressou ao país.
Por razões
diversas, sobretudo de natureza económica, mas também porque muitas organizações chilenas de direitos humanos continuam a reivindicar "verdade e justiça", as “evocações dos 50 anos do golpe”
foram este ano mais polarizadas do que nunca.
Porém, muitos
jornais sul-americanos evocaram a memória e lembraram a coragem de Salvador Allende nas
suas edições de ontem. O diário colombiano El Espectador publicou uma destacada homenagem
a Salvador Allende e aos milhares de vítimas de golpe de 11 de Setembro de
1973, com uma das mais expressivas imagens daquele dia, que mostra os soldados às
ordens dos generais chilenos a cercarem o Palácio de La Moneda em Santiago do
Chile, de onde irrompiam chamas provocadas pelos ataques da aviação chilena.
O país de Pablo
Neruda tem actualmente como presidente Gabriel Boric, um político de 36 anos de
idade, cuja linha política é semelhante à de Salvador Allende, um homem cuja coragem foi registada no filme "Chove em Santiago" e que permanece como um símbolo no imaginário dos democratas do mundo inteiro.
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