Perante a enorme
calamidade que está a afectar a Amazónia e da onda de indignação e de protesto
que se gerou no país e no exterior, o presidente Jair Bolsonaro decidiu alterar
o seu discurso e começou a mostrar alguns sinais de preocupação. Sentiu a sua
cadeira a tremer e percebeu que a função presidencial é bem mais complexa do
que aquilo que ele pensava. Alguém lhe sussurrou ao ouvido que fosse mais
moderado e menos arrogante no seu discurso e que fizesse qualquer coisa para
enfrentar a situação na Amazónia, pois o protesto do povo estava a aumentar.
Sob forte pressão
nacional e internacional, o Jair autorizou a utilização das Forças Armadas no
combate às queimadas na Amazónia, mas há quem defenda que esta iniciativa já é
tardia e que a calamidade ambiental é irreversível. Há mesmo quem escreva que o
Exército vai apagar um fogo posto pelo próprio presidente ou quem o acuse de um
crime de lesa-pátria, devido aos estímulos que concedeu ao desmatamento ilegal
de grandes áreas para exploração económica. Outros referem o risco do Brasil de
Bolsonaro perder a soberania sobre a Amazónia, que é considerado o pulmão do
planeta. Bolsonaro é, portanto, um político sem qualquer futuro como os brasileiros estão agora a ver.
Apesar de tudo
parecer resultar de uma atitude política de passividade perante os grandes
grupos económicos dos quais o Jair parece depender em demasia, o facto é que
tem havido alguma solidariedade internacional para com a situação e a Argentina
colocou-se na primeira fila, apesar de todos os seus problemas internos.
O
assunto é tão importante que foi posto na agenda da 45ª reunião do G7 que está
a decorrer em Biarritz, a par do tema da paz no nosso planeta, das questões do comércio mundial e da sustentabilidade ambiental. Afinal o fogo da Amazónia é muito mais que um incêndio florestal, pois tornou-se numa questão política.