domingo, 25 de agosto de 2019

Fogo da Amazónia é uma questão política?

Perante a enorme calamidade que está a afectar a Amazónia e da onda de indignação e de protesto que se gerou no país e no exterior, o presidente Jair Bolsonaro decidiu alterar o seu discurso e começou a mostrar alguns sinais de preocupação. Sentiu a sua cadeira a tremer e percebeu que a função presidencial é bem mais complexa do que aquilo que ele pensava. Alguém lhe sussurrou ao ouvido que fosse mais moderado e menos arrogante no seu discurso e que fizesse qualquer coisa para enfrentar a situação na Amazónia, pois o protesto do povo estava a aumentar.
Sob forte pressão nacional e internacional, o Jair autorizou a utilização das Forças Armadas no combate às queimadas na Amazónia, mas há quem defenda que esta iniciativa já é tardia e que a calamidade ambiental é irreversível. Há mesmo quem escreva que o Exército vai apagar um fogo posto pelo próprio presidente ou quem o acuse de um crime de lesa-pátria, devido aos estímulos que concedeu ao desmatamento ilegal de grandes áreas para exploração económica. Outros referem o risco do Brasil de Bolsonaro perder a soberania sobre a Amazónia, que é considerado o pulmão do planeta. Bolsonaro é, portanto, um político sem qualquer futuro como os brasileiros estão agora a ver.
Apesar de tudo parecer resultar de uma atitude política de passividade perante os grandes grupos económicos dos quais o Jair parece depender em demasia, o facto é que tem havido alguma solidariedade internacional para com a situação e a Argentina colocou-se na primeira fila, apesar de todos os seus problemas internos.
O assunto é tão importante que foi posto na agenda da 45ª reunião do G7 que está a decorrer em Biarritz, a par do tema da paz no nosso planeta, das questões do comércio mundial e da sustentabilidade ambiental. Afinal o fogo da Amazónia é muito mais que um incêndio florestal, pois tornou-se numa questão política.