A contestação à tauromaquia e às touradas
é um facto que se tem acentuado nos últimos anos no sudoeste da Europa e, numa
sondagem realizada em 2024 com uma amostra de 7500 pessoas, das quais 2500 eram
portuguesas, apurou-se que 77% dos inquiridos se afirmou contra as touradas por
ser uma forma de maus tratos a animais e uma prática que lhes causa dor e
sofrimento, isto é, a maioria dos portugueses, franceses e espanhóis é contra
as touradas. A sondagem revelou, também, que apenas uma em cada cinco pessoas considera
que as touradas são uma “tradição valiosa” e que só têm o apoio de 11% da
população.
Neste panorama, é
surpreendente a capa da edição de hoje do jornal madrileno ABC, que destaca a
fotografia das novilleras Raquel
Martin e Olga Casado, que actuaram na primeira corrida da Feira Taurina de Salamanca, incluída nas Festas
Patronais em homenagem à Virgen de la Vega.
Num mundo tradicionalmente
ocupado por homens, pela primeira vez na Feira de Salamanca, o cartel que se apresentou na Plaza de Toros de La Glorieta foi composto
unicamente por mulheres: a rejoneadora Lea Vicens e as já referidas novilleras Raquel Martin e Olga Casado. “Un paseillo
para la historia” escreveu em título o jornal ABC, por terem sido as
primeiras mulheres a actuar em conjunto nesta praça desde a sua inauguração no
ano de 1893. Como sempre acontece nas corridas de touros espanholas, a crítica
e o público atribuem troféus aos desempenhos. Assim, foi salientado que “una
importante Olga Casado suma dos orejas que le conceden la Puerta Grande de La
Glorieta”, isto é, a estreante Olga Casado saiu em ombros pela Porta Grande da
emblemática Praça de Touros de Salamanca.
Em tempo de contestação às touradas
esta igualdade de género talvez tenha pouco sentido…