A visita oficial de três dias do Presidente João Lourenço a
Portugal foi um acontecimento político muito importante para as relações entre
Portugal e Angola, pois traduziu-se numa permanente manifestação de cumplicidades
e de afectos entre os presidentes de Portugal e de Angola e, por essa via,
entre o povo angolano e o povo português.
Os ares frios e distantes dos tempos do ex-presidente José Eduardo dos
Santos, já fazem parte do passado. João Lourenço veio trazer-nos uma nova
Angola e os portugueses perceberam e estão a aplaudir a mudança que está a
acontecer no país, que também está a melhorar a sua imagem no mundo. Com
a sua coragem, o seu sorriso e o seu discurso, João Lourenço conquistou a
simpatia dos portugueses e, tendo aludido à anormalidade de terem decorrido
nove anos sem que o chefe de Estado angolano tivesse visitado Portugal, afirmou
que “os amigos querem-se juntos”. Nas relações entre Angola e Portugal, não se pode falar apenas em interesses como acontece nas relações internacionais, porque para além dos interesses há afectos, há história, há cultura e há um conhecimento recíproco.
A economia e o investimento estiveram no centro das conversações. Naturalmente.
De facto, Portugal e Angola perceberam que precisam ambos do outro e que os
seus interesses são compatíveis e complementares. Porém, para lá de uma dúzia
de acordos de cooperação que foram assinados, o discurso de João Lourenço não
se poupou nas palavras e falou de corrupção,
nepotismo, bajulação e impunidade, porque a nova Angola exige uma nova atitude
do poder. Disse que quando se propôs combater a corrupção em Angola já sabia
que estava a mexer num “ninho de marimbondos”. A metáfora da destruição do
ninho de marimbondos agradou aos portugueses e o Jornal de Angola
registou-a para a posteridade.