Foi hoje anunciado
que a Fábrica de Cerâmica de Valadares retomou a sua produção, depois ter
estado encerrada durante mais de dois anos em consequência da declaração da sua
insolvência e de ter entrado em processo de liquidação. Nessa altura, em
Setembro de 2012, a empresa de Vila Nova de Gaia acumulava dívidas de 96
milhões de euros e cerca de 300 trabalhadores perderam o seu emprego. Nos
termos da lei foi então designado um administrador de insolvência para resolver
o processo de falência da empresa, onde convergiam muitas variáveis, incluindo
os interesses e os direitos dos bancos credores, das Finanças, da Segurança
Social, dos antigos trabalhadores da empresa cujos créditos ascendiam a mais de
dez milhões de euros e, naturalmente, de muitos fornecedores. Estes processos
são sempre demorados e complexos, com ou sem intervenções judiciais e com ou
sem acordos de credores. Porém, em Setembro de 2014 surgiu uma solução para a
Cerâmica de Valadares, resultante do bom senso e da inteligência de muita
gente, especialmente do administrador de insolvência, do presidente da
autarquia gaiense e dos credores: a empresa continua na posse dos credores que
arrendam as suas amplas instalações, para já a uma nova sociedade denominada
ARCH, constituída por ex-quadros da antiga empresa e novos investidores, mas
também a outros .interessados como sucede com a têxtil italiana La Perla.
A ARCH iniciou
hoje a sua laboração para relançar a marca Valadares, tendo contratado 45
antigos trabalhadores que agora regressaram à fábrica e espera, nos próximos
meses, que regressem mais de uma centena de ex-trabalhadores. Este caso é
exemplar do ponto de vista económico e social e é um verdadeiro case study, porque a solução teve o
acordo de todas as partes envolvidas, recupera uma grande empresa quase
centenária, cria emprego, contribui para as nossas exportações e incorpora
tecnologia e recursos nacionais. Isto é que é um investimento exemplar, sem
portas e sem vistos gold!