segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A classe empresarial como problema

Numa interessante entrevista ao jornal i o empresário Filipe de Botton declarou que “o maior problema que existe em Portugal é a classe empresarial”.
Trata-se de uma verdade conhecida, mas que poucas vezes é assumida por ser mais cómodo atirar o ónus do nosso atraso económico para cima dos trabalhadores e das suas aptidões.
Até há poucos anos dizia-se que os portugueses, onde quer que estivessem, estavam sempre entre os melhores, os mais produtivos e os mais empenhados trabalhadores, mas na sua própria terra apresentavam índices de produtividade muito baixos. Daí resultava a tendência para atribuir as razões do nosso mau desempenho económico à baixa escolaridade e à menor qualificação profissional da população empregada.
Porém, há alguns anos as estatísticas revelaram que os nossos empresários possuiam uma média de escolaridade inferior a oito anos e que a sua qualificação era pior do que a dos trabalhadores. Muitos limitam-se a ser patrões e a sua falta de qualificação constitui um importante obstáculo ao desenvolvimento português e à recuperação do atraso do país. A maioria deles não possui as competências necessárias para enfrentar com êxito os desafios de uma concorrência cada vez mais global, nem para introduzir novos produtos, novos processos tecnológicos, novas formas de organização do trabalho ou novas estratégias de marketing - marca, distribuição, comunicação.
Portanto, parece que na economia portuguesa há muitos empresários que, devendo contribuir para a solução, são afinal "o maior problema" e, assim, no meio de tantas dificuldades, esta é apenas mais uma.