Amanhã a
República de Cabo Verde completa 40 anos como país soberano. Foi no dia 5 de Julho de 1975 que foi lida a histórica proclamação
da independência na cidade da Praia, na
ilha de Santiago. A festa vai ser grande, nas ilhas e na diáspora. Em Portugal estão anunciadas muitas iniciativas para celebrar a data.
As aspirações
independentistas do arquipélago de Cabo Verde nunca tinham passado pela luta
armada no seu território, embora o fundador e muitos quadros do PAIGC (Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) fossem cabo-verdianos e
tivessem participado activamente na guerra de libertação nacional que ocorreu
na Guiné entre 1962 e 1974. Esse facto, associado a uma evidente proximidade
cultural entre os portugueses e os cabo-verdianos e até circunstâncias de relacionamento pessoal
entre muitos dirigentes das duas partes, facilitou e tornou “exemplar” o
processo de transferência de soberania portuguesa para o novo Estado. Por isso,
as delegações do governo português e do PAIGC assinaram no dia 19 de Dezembro
de 1974, em Lisboa, um documento que abriu caminho para a independência do
arquipélago.
Nesse documento
de oito páginas foi aprovada a transferência de poderes e foi criado um governo
de transição composto por três ministros portugueses e três cabo-verdianos,
liderado por um Alto-Comissário português, cargo que foi desempenhado pelo almirante
Vicente Almeida d'Eça, como representante da soberania portuguesa. O governo de
transição teve por principal missão "conduzir as operações conducentes à
eleição por sufrágio directo e universal, em 30 de Junho de 1975, de uma
assembleia representativa do Povo de Cabo Verde". Nesse dia foram eleitos
os primeiros 56 deputados cabo-verdianos, que se reuniram no dia 4 de Julho de
1975 nas instalações da Câmara Municipal da Praia, para constituírem a primeira
Assembleia Nacional Popular. Nessa sessão foi aprovada a solene proclamação que
foi lida no dia seguinte por Abílio Duarte,
o primeiro presidente do parlamento cabo-verdiano, no estádio da Várzea:
“Povo
de Cabo Verde, hoje, 5 de Julho de 1975, em teu nome, a Assembleia Nacional de
Cabo Verde proclama solenemente a República de Cabo Verde como Nação Independente e Soberana”.
Passados 40 anos, a República de Cabo
Verde é um respeitado membro da comunidade internacional, um dos símbolos da
paz e da democracia em África e uma terra de gente fascinante, desde Amílcar
Cabral e Pedro Pires, até Cesária Évora e Germano Almeida. É um país de músicos e de futebolistas, de
gente de trabalho e de sofrimento, mas é também o país da morabeza e da cachupa,
da morna, da coladera e da kolá san jon.
Uma grande comunidade e um grande país!