quinta-feira, 5 de maio de 2016

JRS, um grande manipulador televisivo

Nos últimos dias estalou uma curiosa polémica no espaço público onde se interceptam os interesses da Política e do Jornalismo que, pela sua enorme sensibilidade, muitas vezes dão origem a mal-entendidos.
Os políticos e os jornalistas não perseguem exactamente os mesmos objectivos e a mesma verdade. Embora ambos procurem influenciar a opinião pública, uns visam os favores do eleitorado, enquanto outros visam influenciar os seus leitores. Como os leitores também são eleitores, significa que políticos e jornalistas “pescam nas mesmas águas”.
Todos sabemos que, em geral, os políticos não são perfeitos, mas também sabemos que os jornalistas são geralmente muito imperfeitos e se comportam muitas vezes como agentes político-partidários. A mensagem por eles transmitida não tem apenas um determinado conteúdo, mas também tem um emissor e um meio de transmissão, sobretudo com a televisão. Assim, as mensagens transmitidas tornam-se muito perigosas para a sociedade, porque “o que eles dizem” tem um efeito semelhante a “balas mágicas” que influenciam ou manipulam os “indefesos” leitores, ouvintes e telespectadores.
José Rodrigues dos Santos (JRS) sabe isso muito bem e certamente conhece o livro “You are the message” de Roger Ailes. A sua recente apresentação na RTP sobre a dívida pública portuguesa é um caso de desonesta manipulação. Embora o texto que leu pelo teleponto estivesse formalmente correcto e mostrasse que a dívida pública portuguesa sobe regularmente desde 2000, o jornalista resolveu encená-lo ao pior estilo dos talk shows, transformando numa palhaçada aquilo que podia ser um esclarecimento ou uma notícia. Só lhe faltou a bandeirinha na lapela para fazer uma leitura ainda mais distorcida dos gráficos que apresentou. JRS podia ter dito, mas não disse, que a dívida resulta em larga escala da moeda única e de outras causas muito complexas, incluindo o despesismo da sua RTP, preferindo insinuar que tudo resultava da acção dos seus adversários políticos. JRS tem obra escrita sobre Comunicação e sabe que manipulou e que não foi honesto, o que com ele acontece muitas vezes. É muito grave, para quem tanta ganha e tão pouco faz na RTP, este seu papel de banal mensageiro de interesses partidários.

Marcelo em busca da paz em Moçambique

Desde que tomou posse como Presidente da República, no dia 9 de Março, que Marcelo Rebelo de Sousa tem mantido a corda esticada e actuado com o ritmo frenético que lhe conhecemos desde há muitos anos. Em menos de dois meses, o Presidente Marcelo mostrou como o indivíduo que antes dele ocupou o Palácio de Belém foi um enorme erro de casting, ao mesmo tempo que acumula pontos na escala da popularidade. Aqueles que há bem pouco tempo foram afastados do poder e que a princípio esperavam que dele viesse um apoio divisionista enganaram-se, porque Marcelo não tem alinhado no discurso do bota-abaixo e tem procurado que o ambiente político melhore. Os portugueses, mesmo os que nele não votaram, estão-lhe agradecidos pela inteligência e bom senso com que tem conduzido a relação com o governo e a forma descomplexada como tem reagido à tacanhez e à mediocridade do rapazola de Massamá e da sua cada vez mais reduzida corte de acólitos. É verdade que os ventos fortes e as tempestades virão mais tarde, mas o facto é que neste seu curto tempo de mandato, Marcelo introduziu alegria e optimismo na vida política e social portuguesa, ao contrário do que aconteceu com o Silva de Boliqueime.
Marcelo está de visita a Moçambique, aparentemente sem as grandes comitivas do passado. O jornal moçambicano O País destaca hoje essa visita na sua primeira página e, perante as grandes dificuldades económicas e financeiras por que passa o país e as ameaças de guerra, é bem possível que Marcelo Rebelo de Sousa esteja a trabalhar para a paz em Moçambique. Sim, Marcelo não foi revisitar praias e o que eu lhe posso desejar é que tenha sucesso nesta sua discreta e importantíssima viagem.