O nosso primeiro ministro deslocou-se a Cabo Verde para uma visita de três dias, centrada na realização da II Cimeira Portugal/Cabo Verde, tendo levado consigo a maior comitiva já levada numa visita deste género ao estrangeiro, incluindo quatro ministros e assessores, técnicos e ajudantes. A cimeira resulta de um compromisso acordado em 2010 entre os dois países para a realização de cimeiras luso-cabo-verdianas de dois em dois anos, embora nas actuais circunstâncias não existam razões justificativas para a realização desta visita com tão alargada e dispendiosa comitiva, em avião da TAP especialmente fretado para o efeito, conforme pudemos ver na televisão. No final da cimeira que, de acordo com as notícias que nos chegaram, terá durado quase quatro horas!, os governantes explicaram que foram assinados sete protocolos e dois acordos de cooperação entre os dois países, sem no entanto fazerem referência aos valores envolvidos. Não está em causa a fraternal relação existente entre Portugal e Cabo Verde, nem a intenção de reforçar relações entre os dois países, mas tão só o despesismo e o exibicionismo dos governantes portugueses, que nos continuam a dar maus exemplos. E fica a dúvida quanto à forma como foi usado o tempo sobrante à rápida cimeira, isto é, se em tempo de frio lisboeta, a lusa comitiva fez turismo e aproveitou a praia, a lagosta, a cachupa, a morna e a coladera. Tão prolongada viagem de sodade do primeiro-ministro e da sua comitiva – três dias para quatro horas de cimeira – é uma coisa que incomoda os contribuintes. Porém, a visita também ficou marcada por algo que o nosso primeiro não fazia há muito tempo em Portugal: um passeio a pé pelas ruas do Mindelo.