quinta-feira, 12 de julho de 2018

Ronaldo continua a construir uma lenda

Estava prevista para a próxima segunda-feira, quando estivessem a esgotar-se os últimos episódios do Mundial de Futebol com festa em Paris ou em Zabreg, a apresentação em Turim de um novo jogador da Juventus Football Club: Cristiano Ronaldo. Foi isso que anunciou hoje La Gazzetta dello Sport, ao referir uma verdadeira presentazione show con CR7.
Porém, a mega-apresentação que estava a ser preparada com contornos hollywoodescos foi suspensa, segundo uns devido a dificuldades logísticas e de segurança na preparação de uma festa grandiosa e, segundo outros, apenas para não agravar os problemas causados pela greve de protesto que foi desencadeada pelos sindicatos da FIAT.
A transferência de Cristiano Ronaldo do futebol espanhol para o futebol italiano é um acontecimento inesperado que encheu as primeiras páginas de muitos jornais, sobretudo em Espanha e na Itália. Depois de nove anos no Real Madrid onde se tornou um ídolo e uma referência, é caso para perguntar porquê esta transferência de um jogador com 33 anos de idade pelo qual foram pagos ao Real Madrid mais de uma centena de milhões de euros e vão ser pagos ao jogador todos os anos, contratualmente, 30 milhões de euros. A resposta é simples: é uma grande operação de marketing que visa mobilizar a Juventus e os seus adeptos, potenciar novos negócios de publicidade e merchandising e, em última análise, transferir de Espanha para a Itália alguns dos centros de interesse do futebol mundial. Com Ronaldo em Turim, a Itália vai esquecer-se que nem sequer esteve no Mundial da Rússia e o mundo vai deixar de pensar que futebol é apenas Real Madrid e Barcelona ou o United e o City de Manchester. Ronaldo vai esquecer o fisco espanhol e, mais do que os golos que vai marcar, a Juventus comprou a marca Ronaldo porque precisa dela para se reerguer e para reerguer o futebol italiano no contexto do futebol mundial.

Será que o Donald vai mandar na Europa?

Donald Trump não se cansa de gritar que os contribuintes americanos estão a pagar demasiado para a defesa militar dos seus parceiros europeus da NATO e acusa alguns desses países de não cumprirem os compromissos de investimento em armamento militar e investigação, enquanto pagam milhões de milhões de dólares em facturas energéticas à Rússia, afirmando, numa evidente provocação, que “a Alemanha está capturada pela Rússia”.
O Donald veio a Bruxelas à Cimeira da NATO e parece ter vindo criar mais problemas na relação entre a Europa e a América, ao insistir que a maioria dos países da NATO afecta menos de 2% do respectivo PIB a despesas com a Defesa, quando de imediato deveriam gastar 2% e, até 2024, aumentar para 4%. O assunto foi destacado na imprensa americana, designadamente no The Wall Street Journal.
No caso de Portugal, em 2017 foram gastos 2.398 milhões de euros em despesas de Defesa, o que equivale a 1,24% do PIB, mas no corrente ano de 2018 essa despesa deverá aumentar para 2.728 milhões de euros, o que equivale a 1,36% da riqueza nacional. Foram estas as despesas autorizadas no orçamento aprovado pelos deputados e, por cá, são eles que decidem.
Até parece que o Donald quer mandar nos países soberanos da Europa, mas o que o ele não sabe é que nas democracias europeias quem manda são os respectivos eleitores e são eles que, através do voto, decidem se querem “canhões ou manteiga”, segundo a famosa alternativa apresentada há muitos anos por Paul Samuelson, o americano que foi um dos primeiros Prémio Nobel da Economia.
O que a NATO  e os seus membros têm que fazer é definir quem é o inimigo. Hoje ninguém sabe quem é o inimigo. Não se sabendo quem é o inimigo, como se pode pressionar para aumentar a despesa militar para o dobro? De resto, o recente uso da NATO para servir interesses particulares, por exemplo no Iraque e na Líbia, foi uma das causas da destabilização mundial que se vive no mundo e continua sem ser assumido como uma intervenção à margem dos princípios da aliança.
Por isso, é natural que alguns dirigentes europeus não aceitem as arrogantes pressões do Donald, que continua a semear ventos um pouco por todo o mundo e, de certo modo, a fazer o que prometeu: "America first"... e os outros que se governem.