sábado, 27 de julho de 2024

O ditador Benjamin é um perigo mundial

Blaise Pascal, um filósofo, matemático, físico e inventor francês do século XVII, é o autor da frase “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Esta frase tornou-se famosa e tem sido utilizada em diferentes contextos e com significados muito diversos. Por isso, também me sinto autorizado a plagiar Pascal e a escrever que “a política internacional tem razões que a própria razão desconhece”.
Benjamin Netanyahu, que é o primeiro-ministro de Israel, está acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por diversos crimes de guerra e crimes contra a humanidade, sendo objecto de um mandato de captura internacional por “extermínio” e “morte de civis pela fome”. Apesar de manter um massacre sobre o povo palestiniano que já matou mais de 39 mil pessoas e gerou uma catástrofe humanitária, o ditador israelita foi convidado a visitar os Estados Unidos e a discursar em Washington, numa sessão conjunta da Câmara dos Representantes e do Senado, em que defendeu a guerra em Gaza, mostrou o seu ódio contra os palestinianos e foi muito aplaudido. 
O apoio que recebeu não foi unânime, como refere o The Wall Street Journal. Kamala Harris, a vice-presidente e candidata presidencial, acusou a política de extermínio israelita e recusou-se a assistir à sessão, a que constitucionalmente devia presidir, enquanto o senador independente Bernie Sanders não discursou naquela sessão, em protesto contra a presença de Netanyahu e a sua recusa de uma solução de dois estados para aquela região.
A contestação ao discurso também se revelou no estrangeiro e Recep Tayyip Erdogan, o presidente da Turquia que é membro da NATO desde 1952, acusou o Congresso americano de “coroar o Hitler da nossa era”, afirmando que “em vez de parar o massacre, estamos a assistir a um colapso da razão, quando dão as boas-vindas ao carniceiro no Congresso e aplaudem-no 57 vezes durante o seu discurso delirante”.
Custa a crer como tantos senadores e congressistas americanos pactuaram com este ditador e o aplaudiram ou, então, a política internacional tem razões que a própria razão desconhece.

As surpresas do anticiclone dos Açores

A ponta dos Rosais, na ilha de S. Jorge
A meteorologia dos Açores é dominada pelo seu famoso anticiclone, que é um centro de altas pressões atmosféricas que influencia o tempo e o clima de vástas áreas da Europa, do Norte de África e das Américas. Este sistema é um exemplo de um anticiclone subtropical quente e tem variações de posição ao longo do ano, mas no Verão mantém-se bastante estacionário na proximidade do arquipélago, o que origina um tempo ameno, com ventos fracos e fraca pluviosidade. Porém, o comportamento do anticiclone não é regular pelo que, apesar das condições meteorológicas favoráveis em que a luminosidade oferece panoramas de grande deslumbramento, também se sucedem fenómenos de excepção, designadamente no mar, onde a temperatura da água atingiu os 26 graus nos últimos dias, bem como situações de invernia fora do tempo, com ondulação e mar encapelado, nevoeiro e pouca visibilidade, vento e alguma pluviosidade. 
Foi nessas condições de excepção que navegamos recentemente da ilha do Pico para a ilha Graciosa, mas o anticiclone surpreendeu-nos. A passagem pela ponta dos Rosais, na extremidade ocidental da ilha de S. Jorge, proporcionou nesse dia uma visão digna da passagem do cabo Horn, tido como o "lugar mais perigoso do mundo para os navegantes". Na fotografia que então captei destaca-se o dia sombrio, o mar encapelado e, imponente e solitário, o farol dos Rosais.