Blaise Pascal, um
filósofo, matemático, físico e inventor francês do século XVII, é o autor da
frase “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Esta frase
tornou-se famosa e tem sido utilizada em diferentes contextos e com significados
muito diversos. Por isso, também me sinto autorizado a plagiar Pascal e a
escrever que “a política internacional tem razões que a própria razão
desconhece”.
Benjamin
Netanyahu, que é o primeiro-ministro de Israel, está acusado pelo Tribunal
Penal Internacional (TPI) por diversos crimes de guerra e crimes contra a
humanidade, sendo objecto de um mandato de captura internacional por
“extermínio” e “morte de civis pela fome”. Apesar de manter um massacre sobre o
povo palestiniano que já matou mais de 39 mil pessoas e gerou uma catástrofe
humanitária, o ditador israelita foi convidado a visitar os Estados Unidos e a
discursar em Washington, numa sessão conjunta da Câmara dos Representantes e do
Senado, em que defendeu a guerra em Gaza, mostrou o seu ódio contra os
palestinianos e foi muito aplaudido.
O apoio que
recebeu não foi unânime, como refere o The Wall Street Journal. Kamala
Harris, a vice-presidente e candidata presidencial, acusou a política de extermínio
israelita e recusou-se a assistir à sessão, a que constitucionalmente devia
presidir, enquanto o senador independente Bernie Sanders não discursou naquela
sessão, em protesto contra a presença de Netanyahu e a sua recusa de uma
solução de dois estados para aquela região.
A contestação ao
discurso também se revelou no estrangeiro e Recep Tayyip Erdogan, o presidente da
Turquia que é membro da NATO desde 1952, acusou o Congresso americano de
“coroar o Hitler da nossa era”, afirmando que “em vez de parar o massacre,
estamos a assistir a um colapso da razão, quando dão as boas-vindas ao
carniceiro no Congresso e aplaudem-no 57 vezes durante o seu discurso delirante”.
Custa a crer como
tantos senadores e congressistas americanos pactuaram com este ditador e o
aplaudiram ou, então, a política internacional tem razões que a própria razão
desconhece.
Poder-se-á chamar razão a essa "razão" de certos políticos que a própria razão desconhece?
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