sexta-feira, 22 de julho de 2011

A máscara caiu demasiado depressa!

Nos últimos meses e especialmente durante a campanha eleitoral das últimas semanas de Maio, algumas individualidades desdobraram-se em críticas, por vezes muito severas, relativamente ao Estado e à gestão pública. Fizeram-se todas as acusações ao Governo e ao Primeiro-Ministro que, por vezes, chegaram ao limiar do insulto e da calúnia.
O autoritário sargento Catroga prometia solenemente que “o Estado gordo paralelo que o PS criou com clientelas” ia acabar e que, nesse aspecto, “iam muito mais longe do que a troika”. Ganhou as eleições.
Passou um mês e meio desde as eleições e um mês apenas desde a tomada de posse do governo.
Pela primeira vez abordo aqui este tipo de questões, pois nem na campanha eleitoral, nem neste primeiro mês de governação entrei por esse polémico caminho da análise da luta pelo poder e das guerrilhas partidárias.
Mas hoje não resisto a comentar, porque a máscara caiu demasiado depressa!
O número de gestores da CGD vai aumentar, anuncia o jornal i. Um dos eleitos ostenta o título de doutor conferido pela 72ª universidade do mundo e tanto alinha com o PS de Guterres, como com o PSD de Pedro Passos Coelho. Alterna. O seu currículo mostra que tem saltado de tacho em tacho e que os acumula. Questão de competência, certamente. Agora consegue levar o seu Grupo Mello para a CGD. Talvez seja por causa da alienação nas áreas dos seguros, da saúde e das participações financeiras na PT, EDP, ZON e outras. O que pode levar um homem destes a deixar o Grupo Mello para se encostar à CGD? Estejamos atentos.

A Europa respira de alívio

A cimeira extraordinária do Eurogrupo aprovou ontem um conjunto de medidas para travar a crise que ameaçava cada vez mais o euro e a própria União Europeia.
A imprensa europeia aplaude. Todos respiram de alívio porque, aparentemente, a Grécia foi salva da bancarrota, a Irlanda e Portugal aumentaram as hipóteses de sucesso dos seus programas de ajuda, a Espanha e a Itália viram os seus riscos de contágio atenuados e, finalmente, a coesão europeia e o euro saíram reforçados, pelo menos por alguns meses. A compreensão da situação pelo duo franco-alemão e a sua desistência de atitudes egoístas foram decisivas para ultrapassar a delicada situação.
A cimeira aprovou um novo pacote de ajuda para a Grécia com 109 mil milhões de euros, acordou a baixa dos juros a pagar pelos resgates financeiros da Grécia, Irlanda e Portugal e decidiu aumentar a maturidade desses empréstimos para 15 anos. Os líderes europeus terão percebido que a solução da crise das dívidas soberanas europeias passava pelo reforço e flexibilização do papel do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, tendo decidido nesse sentido e deixado no ar a ideia de um Fundo Monetário Europeu.
Mas o sucesso ou o insucesso desta cimeira vai ser determinado pela reacção interna nos Estados-membros, pelos resultados das políticas nacionais de ajustamento e, de uma forma mais imediata, pela reacção dos mercados nos próximos dias. Os primeiros sinais são muito positivos: os juros das dívidas públicas começaram a descer em todos os prazos, incluindo a tendência de agravamento dos juros da Espanha e Grécia – que era um problema quase tão preocupante como a dívida grega.
A confiança foi restabelecida, as cotações da Bolsa subiram e os Bancos estão agora menos expostos. Porém, a solução dos nossos problemas continua a passar pela redução do défice e pelo crescimento da economia, que cria emprego, que reforça a coesão social e permite pagar as dívidas.