quarta-feira, 6 de junho de 2012

EURO 2012: lamento, mas não acredito!

Dentro de dias a selecção portuguesa de futebol defronta a equipa alemã, iniciando a sua participação no EURO 2012. As televisões, as rádios e os jornais não falam noutra coisa. A excitação mediática é total e o povo tem sido insistentemente contagiado pelos excitómetros televisivos e radiofónicos. Já se vêem janelas e varandas com algumas bandeiras nacionais numa encenação pseudo-patriótica. A hora H aproxima-se. Sucedem-se as notícias, as reportagens, as conferências de imprensa, os treinos em directo, as entrevistas, as sessões de autógrafos, os forum radiofónicos, os espaços publicitários e as mensagens dos patrocinadores. É um delírio absoluto. Até que, contrariando a euforia quase geral e numa entrevista à TSF, o experiente treinador Manuel José veio dizer que era necessária mais concentração e menos circo. Que a selecção parece um big brother e que passa a vida em festas. Outros concordaram. E eu também. De facto há um ambiente de festa exagerado, que tem transformado os jovens jogadores em vedetas antecipadas. Que se deslumbram. Que se desconcentram. Que passaram uma boa parte do estágio em sessões fotográficas com fins publicitários, como é exemplo o anúncio da Galp que "obrigou" os jogadores a transformarem-se em actores. A televisão mostra-nos tudo isso, o entusiasmo delirante e os carros dos jogadores que são uma afronta aos desempregados e a quem passa fome, enquanto a FPF não modera esta feira de vaidades. Manuel José está pessimista. Eu também. Gostava de me enganar, porque dessa forma talvez eu me esquecesse do triste espectáculo que tem sido a euforia do apoio à selecção, que muitas vezes se confunde com a bagunça das promoções do Pingo Doce ou do Continente. Se assim fosse, aqui me retrataria pelo meu pessimismo e me regozijaria com as vitórias da selecção. Porém, lamento mas eu não acredito!

Sinais exteriores de riqueza

É sabido que há bastantes cidadãos em Portugal que fogem ao fisco de uma maneira escandalosa e que têm gozado de grande impunidade em relação ao cumprimento dos seus deveres fiscais. O Estado e as autoridades fiscais poucas vezes intervêem nestes casos, pois parecem mais preocupados com a pequena fraude e com a imprecisão das declarações fiscais dos pequenos contribuintes, do que com a verdadeira fraude fiscal. Muitos dos que escapam às malhas do fisco enriqueceram ilicitamente e exibem os chamados sinais exteriores de riqueza – os automóveis, as aeronaves, os iates e, naturalmente, a vida social. Os seus truques são diversos e em diferentes escalas. Uns são barões que gerem e beneficiam dos chamados negócios sujos, que são comuns em todas as sociedades. Outros são os beneficiários da corrupção nas suas diversas formas, que lhes permitem a acumulação de rendimentos de duvidosa origem. Outros, ainda, são os profissionais liberais e muitos empresários que vivem da economia paralela. Essa gente frequenta locais caros e utiliza carros topo de gama, não só das marcas premium como a BMW, Audi e Mercedes, mas também os famosos Ferraris, Maseratis e Lamborghinis, sendo de salientar que, em 2011, cerca de 59% dos consumidores portugueses pagou a pronto os veículos automóveis de luxo e de gama média-alta que importou, segundo revelou um estudo de uma consultora do mercado automóvel. Esclarecedor... A decisão da autoridade fiscal passar a intervir nas operações Stop para fiscalizar os veículos de valor superior a 50 mil euros, os rendimentos dos seus proprietários e a sua situação contributiva, vai atenuar o forrobodó que por aí anda há muito tempo. Os chamados espertalhões que exibiam sinais exteriores de riqueza sem que ninguém soubesse a sua origem, passarão a ser mais controlados e terão menos sossego. Já não era sem tempo e, neste aspecto, as nossas autoridades fiscais tomaram uma excelente medida que, esperamos, seja eficaz.