A guerra na
Ucrânia já se trava há um ano e essa enorme catástrofe, bem como os seus mortos
e as suas destruições são hoje assinalados por toda a imprensa mundial. De
entre todos os títulos que hoje são publicados destacamos de forma especial La
Marseillaise, um jornal regional francês com sede em Marselha, cuja
manchete é esclarecedora como nenhuma outra: la paix ou le caos. Desde
há um ano que, explícita ou implicitamente, tem sido essa a nossa posição, pois
torna-se evidente que nesta guerra todos sairemos derrotados, sobretudos os
ucranianos e os russos, mas também toda a humanidade.
Depois da
agressividade dos discursos dos últimos dias, uma Resolução ontem aprovada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas veio exigir a retirada imediata das tropas
russas da Ucrânia e pedir “uma paz abrangente, justa e duradoura”, tendo sido
aprovada por 141 votos, com 7 votos contra e 32 abstenções, isto é, mais ou
menos o mesmo resultado de outras anteriores resoluções sobre o conflito
russo-ucraniano.
Entretanto,
também ontem, o secretário-geral das Nações Unidas e o Ministério dos Negócios
Estrangeiros chinês vieram lançar veementes apelos à paz. No caso da China, não
foi apenas o apelo para o cessar-fogo entre a Ucrânia e Rússia, mas também a defesa
do diálogo como única forma de alcançar uma solução viável, tendo feito uma
proposta para a paz em doze pontos, cujo aspecto mais saliente é a afirmação da
importância de “respeitar a soberania de todos os países de acordo com os
princípios da Carta das Nações Unidas”. É um bom princípio, como já foi
reconhecido. Porém, a China que afirmou ser neutra no conflito, apelou ao fim
da “mentalidade da Guerra Fria” e afirmou que mantém uma relação “sem limites”
com a Rússia, recusando-se a criticar a invasão da Ucrânia e acusando o
Ocidente de provocar o conflito ao alimentar a guerra através do fornecimento
de armas defensivas à Ucrânia.
Não são
necessárias mais palavras para além daquelas que La Marseillaise escolheu
para a manchete da sua edição de hoje: la paix ou le caos.