sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

A única opção é entre “la paix ou le caos”

A guerra na Ucrânia já se trava há um ano e essa enorme catástrofe, bem como os seus mortos e as suas destruições são hoje assinalados por toda a imprensa mundial. De entre todos os títulos que hoje são publicados destacamos de forma especial La Marseillaise, um jornal regional francês com sede em Marselha, cuja manchete é esclarecedora como nenhuma outra: la paix ou le caos. Desde há um ano que, explícita ou implicitamente, tem sido essa a nossa posição, pois torna-se evidente que nesta guerra todos sairemos derrotados, sobretudos os ucranianos e os russos, mas também toda a humanidade.
Depois da agressividade dos discursos dos últimos dias, uma Resolução ontem aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas veio exigir a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia e pedir “uma paz abrangente, justa e duradoura”, tendo sido aprovada por 141 votos, com 7 votos contra e 32 abstenções, isto é, mais ou menos o mesmo resultado de outras anteriores resoluções sobre o conflito russo-ucraniano.
Entretanto, também ontem, o secretário-geral das Nações Unidas e o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês vieram lançar veementes apelos à paz. No caso da China, não foi apenas o apelo para o cessar-fogo entre a Ucrânia e Rússia, mas também a defesa do diálogo como única forma de alcançar uma solução viável, tendo feito uma proposta para a paz em doze pontos, cujo aspecto mais saliente é a afirmação da importância de “respeitar a soberania de todos os países de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas”. É um bom princípio, como já foi reconhecido. Porém, a China que afirmou ser neutra no conflito, apelou ao fim da “mentalidade da Guerra Fria” e afirmou que mantém uma relação “sem limites” com a Rússia, recusando-se a criticar a invasão da Ucrânia e acusando o Ocidente de provocar o conflito ao alimentar a guerra através do fornecimento de armas defensivas à Ucrânia.
Não são necessárias mais palavras para além daquelas que La Marseillaise escolheu para a manchete da sua edição de hoje: la paix ou le caos.