quarta-feira, 20 de julho de 2016

Turquia era a solução, agora é o problema

No dia 15 de Julho sucederam-se graves acontecimentos em várias cidades turcas, sobretudo em Ancara, a capital da Turquia. Foi noticiado um golpe de estado que parece ter sido quase triunfante, mas que acabou por ser dominado pelas forças leais ao Presidente Recep Erdogan. O que se passou continua sem ser percebido. Há quem defenda que tudo não passou de uma orquestração do poder turco no sentido de reforçar os poderes de Erdogan e de afastar os seus adversários. Em apoio desta tese está o facto surpreendente de continuarem sem ser conhecidas as reais intenções dos golpistas, pois no meio de tantos problemas que o país atravessa, não se sabe se pretendiam reforçar a democracia, se queriam travar a crescente islamização do país, se pretendiam resolver o problema curdo ou se desejavam intervir activamente contra o Estado Islâmico, o que de facto não tem acontecido. A intenção de tomar o poder poderia ser uma quase imitação do golpe militar que tomou o poder no Egipto em 2013, com o objectivo de travar o radicalismo que está a começar a dominar a Turquia. Não sabendo a língua turca, não nos é possível perceber as manchetes e as notícias do Hürriyet, um dos maiores diários turcos.
Sabemos, contudo, que em poucos dias foram demitidos, presos ou suspensos quase 35 mil membros do Exército, da Justiça, da Segurança Interna e da Educação, havendo a intenção de ser reposta a pena de morte. Militares, policias, juízes, funcionários públicos da administração e professores estão a ser os principais alvos da repressão do regime de Erdogan, aumentando a tensão social e política na Turquia.
Com 80 milhões de habitantes, a Turquia é membro da NATO e faz fronteira com a Síria, Iraque, Irão, Arménia, Geórgia, Bulgária e Grécia, mantendo desde data recente uma relação muito próxima com a Rússia. Se até agora a Turquia podia constituir uma solução para os problemas que afectam aquela região, parece que agora se está a tornar no problema. E que problema!