No dia 15 de
Julho sucederam-se graves acontecimentos em várias cidades turcas, sobretudo em
Ancara, a capital da Turquia. Foi noticiado um golpe de estado que parece ter
sido quase triunfante, mas que acabou por ser dominado pelas forças leais ao
Presidente Recep Erdogan. O que se passou continua sem ser percebido. Há quem
defenda que tudo não passou de uma orquestração do poder turco no sentido de
reforçar os poderes de Erdogan e de afastar os seus adversários. Em apoio desta
tese está o facto surpreendente de continuarem sem ser conhecidas as reais
intenções dos golpistas, pois no meio de tantos problemas que o país atravessa,
não se sabe se pretendiam reforçar a democracia, se queriam travar a crescente
islamização do país, se pretendiam resolver o problema curdo ou se desejavam
intervir activamente contra o Estado Islâmico, o que de facto não tem acontecido. A intenção de tomar o poder poderia
ser uma quase imitação do golpe militar que tomou o poder no Egipto em 2013,
com o objectivo de travar o radicalismo que está a começar a dominar a Turquia.
Não sabendo a língua turca, não nos é possível perceber as manchetes e as
notícias do Hürriyet, um dos maiores diários turcos.
Sabemos, contudo, que em poucos dias foram demitidos,
presos ou suspensos quase 35 mil membros do Exército, da Justiça, da Segurança
Interna e da Educação, havendo a intenção de ser reposta a pena de morte. Militares,
policias, juízes, funcionários públicos da administração e professores estão a
ser os principais alvos da repressão do regime de Erdogan, aumentando a tensão
social e política na Turquia.
Com 80 milhões de habitantes, a Turquia é
membro da NATO e faz fronteira com a Síria, Iraque, Irão, Arménia, Geórgia,
Bulgária e Grécia, mantendo desde data recente uma relação muito próxima com a
Rússia. Se até agora a Turquia podia constituir uma solução para os problemas
que afectam aquela região, parece que agora se está a tornar no problema. E que
problema!