segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A França atacou o jihadismo na Síria

A contínua chegada à Europa de milhares de refugiados, provenientes sobretudo da Síria e de outros países em guerra, parece ter acordado as autoridades europeias, depois de mais de quatro anos de destruição e morte, com o apoio não assumido de alguns países europeus, sobretudo no que respeita ao fornecimento de armas a todas as forças anti-Assad. Tal como Saddam Hussein ou Muammar al-Kaddafi, o presidente Bashar al-Assad não será um modelo de democrata mas tem uma educação ocidental, embora seja muito hostilizado pelo ocidente talvez porque esteja no centro de uma luta de interesses estratégicos e de um conflito étnico-religioso que ultrapassa as suas fronteiras. Lamentavelmente, os mesmos estrategas ocidentais que não perceberam que o desaparecimento de Saddam Hussein ou Muammar al-Kaddafi iria desequilibrar os seus domínios e levaria à grave anarquia e à ascensão de poderes tribais nesses países, também se voltaram a enganar em relação à Síria e levaram ao aparecimento do Daesh ou Estado Islâmico.
Durante mais de quatro anos, nem os Estados Unidos, nem a Rússia, nem os aliados de cada uma dessas potências, conseguiram parar a guerra, sobretudo porque os americanos e os europeus tinham como ponto de partida que Bashar al-Assad abandonasse o poder. Confrontados com males bem piores, os europeus têm vindo a suavizar a sua agressividade em relação a Bashar al-Assad e começam a aceitar discutir com ele um governo de transição. Hoje, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, Barack Obama e Vladimir Putin vão encontrar-se para falar da Síria e da Ucrânia.  
Entretanto, perante as repetidas ameaças de intervenção do Daesh em território francês, a França decidiu intervir em nome da sua segurança nacional e “em legítima defesa”, mesmo sem integrar a coligação internacional que combate o Daesh. Ontem, seis aviões franceses, cinco deles Rafale, atacaram e destruíram um campo de treino jihadista na Síria, depois de ter sido verificado que as populações civis não seriam molestadas e muitos jornais franceses destacaram e apoiaram esta acção. Esta intervenção tem, entre outros, o significado de que a França quer estar à mesa das negociações de paz. Então, que essas conversações venham depressa.

Catalunha: meia vitória ou meia derrota?

Realizaram-se ontem na Catalunha as eleições regionais e verificou-se uma participação histórica de 77% dos eleitores. Hoje, a generalidade dos jornais espanhóis tem nas suas primeiras páginas uma das duas frases seguintes: os independentistas catalães ganharam ou os independentistas catalães não ganharam. O diário El País sintetizou os resultados com a frase “os independentistas ganham as eleições e perdem o seu plebiscito”.
O Parlamento catalão tem 135 lugares e, por isso, a maioria é constituida por 68 deputados. A coligação independentista Juntos por Si (JxSi) teve 62 deputados, mas com os 10 deputados independentistas da Coligação de Unidade Popular (CUP) perfazem uma maioria independentista de 72 deputados. Nessas circunstâncias, os independentistas ganharam e dizem-se legitimados para “seguir em frente”.
Porém, as candidaturas independentes não alcançaram sequer 48% dos votos expressos e, nessa perspectiva, o sentido plebiscitário da votação não lhes foi favorável, isto é, houve 52% de catalães que “disseram não à aventura secessionista”. Além disso, nas quatro províncias da Comunidade Autónoma da Catalunha os resultados também não desequilibraram: os independentisrtas ganharam em Leide (63%) e em Girona (64%), mas perderam em Barcelona (44%) e em Tarragona (49%).
Estamos portanto perante uma meia vitória ou uma meia derrota dos independentistas catalães? O tempo o dirá.