sexta-feira, 24 de maio de 2013

O declínio da língua francesa

A França é um país orgulhoso da sua história, da sua glória, da sua cultura e da sua língua, mas embora seja uma potência nuclear, a quinta economia mais rica do mundo e um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a sua importância militar, económica e política mundiais não são proporcionais à importância da língua francesa, que é bem mais modesta. Porém, os franceses têm resistido ao reconhecimento dessa realidade, como se essa verdade ferisse gravemente o seu orgulho nacional.
No processo de expansão europeia pelo mundo, iniciado com os portugueses no século XV, os franceses enfrentaram uma continuada rivalidade da Inglaterra, que se tornou a primeira potência mundial e que afastou a influência francesa de regiões tão importantes como a América do Norte e a Índia. Por isso, a penetração da língua francesa no mundo teve impactos menos significativos do que o inglês e as línguas ibéricas e, embora haja diversos critérios para determinar o número de pessoas que falam uma determinada língua, quase todos convergem numa ordenação que coloca o chinês, o inglês, o espanhol, o árabe e o hindi nos cinco primeiros lugares, aparecendo o português logo a seguir, enquanto o francês só aparece depois do 10º lugar em todos os critérios considerados. Com a "americanização" do mundo e, mais recentemente, com o aparecimento da internet, o inglês impôs-se como a língua mundial de comunicação, para os negócios e para a ciência, pelo que o interesse pelo francês tem regredido. Agora, são as próprias universidades francesas a reconhecer que a não adopção do inglês em França é um handicap na vida profissional e na vida de todos os dias, como explica a edição de ontem do Le Parisien.

A lógica publicitária e o investimento

Foram ontem anunciadas, com muita pompa e circunstância, algumas medidas de apoio ao investimento, o que significa um apoio à dinamização da economia, ao crescimento do produto e à criação de emprego. Não se falou em austeridade, nem em consolidação orçamental e isso pode significar o início da correcção de um rumo, porque pela primeira vez, a lógica económica parece ter-se sobreposto à lógica contabilística. As medidas anunciadas são positivas, embora seja de lamentar que só agora tenham sido tomadas e que não tenha sido reconhecido que foi a teimosia governamental que esqueceu durante demasiado tempo o apoio ao investimento, o que muito contribuiu para a calamidade social que é o desemprego.
Ninguém pode desejar outra coisa que não seja o sucesso das medidas anunciadas e bom seria que no fim de 2013 pudéssemos celebrar uma retoma sustentada da economia e do emprego. Porém, as opções de investimento exigem tempo de ponderação e resultam das condições do mercado, da procura esperada e da confiança dos agentes económicos. Ora, o tipo de estímulos agora anunciados pode ajudar, mas não dá garantias de produzir efeitos. Daí que já se tivessem levantado algumas vozes a rotular estas medidas de propaganda e, de facto, Gaspar repetiu várias vezes, exactamente como acontece com a mensagem publicitária, que “chegou o momento do investimento”. Além disso, adoptou uma lógica de supermercado, ao designar as medidas anunciadas como “supercrédito fiscal”, a fazer lembrar as promoções do Continente ou do Pingo Doce, com o “pague um e leve dois”, ou o “invista agora e poupe no IRC”. Assim, em vez da campanha do “compre já”, estamos na campanha do “invista já”. Veremos no que dá.

 

A publicidade em monumentos históricos

Antecipando o final da Liga BBVA ou Liga de Futbol Profesional e a vitória já assegurada pela equipa do Barcelona FC, a marca que veste a equipa – a Nike – decidiu promover uma campanha publicitária na cidade, utilizando a estátua de Cristovão Colombo vestida com uma camisola blaugrana. Segundo referem os jornais catalães, esta campanha decorrerá até ao dia 9 de Junho e permitirá uma receita de 100 mil euros ao Ayuntamiento de Barcelona.
O Barcelona FC foi adoptado como símbolo das aspirações independentistas catalãs e, por isso, a autorização municipal para esta campanha, tem sido fortemente contestada pelo rival RCD Espanyol e pelos partidos políticos não independentistas, afirmando-se que “la estátua de Colón es de todos los barceloneses, no solo de los culés”, isto é, dos adeptos do Barcelona FC.
Nos últimos anos tem-se verificado em vários países europeus a utilização de monumentos históricos como suportes publicitários e isso também já aconteceu em Portugal, por exemplo no Monumento a Cristo-Rei, no Padrão dos Descobrimentos e no castelo de S. Jorge. A instalação de telas publicitárias em monumentos históricos é um assunto controverso e complexo em toda a parte, porque se há a necessidade de preservar a dignidade histórica e artística desses monumentos, também há a necessidade de mobilizar recursos financeiros adicionais para assegurar a sua própria manutenção. É realmente uma equação difícil.