sexta-feira, 24 de maio de 2013

A lógica publicitária e o investimento

Foram ontem anunciadas, com muita pompa e circunstância, algumas medidas de apoio ao investimento, o que significa um apoio à dinamização da economia, ao crescimento do produto e à criação de emprego. Não se falou em austeridade, nem em consolidação orçamental e isso pode significar o início da correcção de um rumo, porque pela primeira vez, a lógica económica parece ter-se sobreposto à lógica contabilística. As medidas anunciadas são positivas, embora seja de lamentar que só agora tenham sido tomadas e que não tenha sido reconhecido que foi a teimosia governamental que esqueceu durante demasiado tempo o apoio ao investimento, o que muito contribuiu para a calamidade social que é o desemprego.
Ninguém pode desejar outra coisa que não seja o sucesso das medidas anunciadas e bom seria que no fim de 2013 pudéssemos celebrar uma retoma sustentada da economia e do emprego. Porém, as opções de investimento exigem tempo de ponderação e resultam das condições do mercado, da procura esperada e da confiança dos agentes económicos. Ora, o tipo de estímulos agora anunciados pode ajudar, mas não dá garantias de produzir efeitos. Daí que já se tivessem levantado algumas vozes a rotular estas medidas de propaganda e, de facto, Gaspar repetiu várias vezes, exactamente como acontece com a mensagem publicitária, que “chegou o momento do investimento”. Além disso, adoptou uma lógica de supermercado, ao designar as medidas anunciadas como “supercrédito fiscal”, a fazer lembrar as promoções do Continente ou do Pingo Doce, com o “pague um e leve dois”, ou o “invista agora e poupe no IRC”. Assim, em vez da campanha do “compre já”, estamos na campanha do “invista já”. Veremos no que dá.

 

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