A França é um
país orgulhoso da sua história, da sua glória, da sua cultura e da sua língua,
mas embora seja uma potência nuclear, a quinta economia mais rica do mundo e um
dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a sua
importância militar, económica e política mundiais não são proporcionais à
importância da língua francesa, que é bem mais modesta. Porém, os franceses têm
resistido ao reconhecimento dessa realidade, como se essa verdade ferisse
gravemente o seu orgulho nacional.
No processo de
expansão europeia pelo mundo, iniciado com os portugueses no século XV, os
franceses enfrentaram uma continuada rivalidade da Inglaterra, que se tornou a
primeira potência mundial e que afastou a influência francesa de regiões tão
importantes como a América do Norte e a Índia. Por isso, a penetração da língua
francesa no mundo teve impactos menos significativos do que o inglês e as
línguas ibéricas e, embora haja diversos critérios para determinar o número de
pessoas que falam uma determinada língua, quase todos convergem numa ordenação
que coloca o chinês, o inglês, o
espanhol, o árabe e o hindi nos cinco primeiros lugares, aparecendo o português
logo a seguir, enquanto o francês só aparece depois do 10º lugar em todos os critérios considerados. Com a "americanização" do mundo e, mais recentemente, com o aparecimento da internet,
o inglês impôs-se como a língua mundial de comunicação, para os negócios e para a ciência, pelo que o interesse pelo francês tem regredido. Agora, são as próprias universidades
francesas a reconhecer que a não adopção do inglês em França é um handicap na vida profissional e na vida de todos os dias, como explica a edição
de ontem do Le Parisien.
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