Há uma tradição milenar na Índia,
mas também nas suas diásporas, que faz com que 95% dos casamentos realizados
resultem de combinações e acordos entre os pais dos noivos, o que significa um
pacto ou uma aliança entre as respectivas famílias. Os casamentos combinados por
hindus e por católicos resultam da actividade de redes casamenteiras informais
ou familiares, mas também de páginas inteiras de anúncios de jornal, sendo
avaliadas em ambas as situações, a compatibilidade de casta, a religião, a posição
na escala social e a situação económica. É de acordo com estes princípios que,
todos os anos, há oito milhões de noivas, na sua maioria adolescentes, que se
casam com homens escolhidos pelos seus pais, havendo muitos casos em que estas
se encontram com eles pela primeira vez no dia do casamento. Estas, são as
regras ancestrais que ainda balizam o casamento na Índia, onde o namoro de tipo
ocidental, com ou sem autorização dos pais, não é usado. Fora deste contexto há uma minoria de "casamentos de amor" que, quando são contrariados dão origem a muitas situações trágicas.
Porém, nos últimos anos as centenárias
tradições dos casamentos arranjados estão a ser desafiadas pelos fenómenos da crescente
urbanização e escolarização indianas, mas também pela influência cultural do ocidente e
pelas novas novas tecnologias, não só o telefone móvel e o smartphone, mas também cerca de 1500
websites especializadas que tornam
mais fácil o encontro entre candidatos e candidatas ao casamento. Uma delas – BharatMatrimony.com – afirma que ajuda
50 mil pessoas por mês a casar-se e que, nos últimos anos, os perfis que
divulga são cada vez mais apresentados pelos próprios e menos pelos pais. The
New York Times trata hoje deste tema na sua primeira página, contando a
ousada história de Miss Garima Pant que, sem quebrar a tradição familiar, recusou
alguns candidatos e, quando um deles a interessou, tratou de saber o seu número
de telefone e foi falar com ele longe dos ouvidos da sua família. Aceitou-o. Foi um
casamento semi-arranjado. Diz-se, portanto, que as novas tecnologias estão a "mexer" com as tradições milenárias da Índia onde, curiosamente, os casamentos são mais
estáveis que os casamentos no Ocidente.