Hoje ninguém duvida que a União Europeia vive dias difíceis, sobretudo porque lhe tem faltado um verdadeiro ideal comunitário e porque não tem tido dirigentes capazes de ultrapassar os seus nacionalismos egoistas.
Quando em 1962 o
general De Gaulle utilizou a expressão “Europa das pátrias” teve a visão de um
espaço marcado por culturas diferenciadas, por rivalidades e por um historial
de violência e de guerra, de revoluções e de insurreições, sem paralelo com
qualquer outra parte do mundo. Por isso, a construção europeia tem sido um
processo muito complexo e, com frequência, a União Europeia tem-se comportado como
um grupo de famílias desavindas, devido sobretudo à rivalidade do eixo
França-Alemanha, à tradicional desconfiança da Grã-Bretanha em relação ao
continente (de que o Brexit é apenas um episódio) e a muitos outros exemplos.
O Conselho
Europeu deveria agora encontrar as personalidades que, até ao final do corrente ano e depois do voto do Parlamento
Europeu, irão ocupar os lugares de topo da União Europeia. Essas
escolhas deveriam assegurar o
equilíbrio de género e o equilíbrio entre as diferentes regiões, famílias
políticas e, sobretudo, garantir pessoas com experiência comprovada, quer a
nível nacional quer a nível internacional. Foi muito difícil o consenso e só hoje, depois de uma terceira
ronda de impasses e de duras negociações, os chefes de Estado e Governo da União
Europeia chegaram a um acordo.
A alemã Ursula
von der Leyen, foi proposta para nova
presidente da Comissão Europeia, cargo atualmente ocupado por Jean
Claude-Juncker. Para vice-presidentes da Comissão Europeia foram escolhidos a
liberal dinamarquesa Margrethe Vestager,
o socialista holandês Frans
Timmermans e o eslovaco Maros
Sefcovic. A atual líder do FMI, Christine
Lagarde, foi indicada para presidir ao Banco Central Europeu, para a
presidência do Conselho Europeu foi proposto o liberal belga Charles Michel e o novo responsável
pela diplomacia da União Europeia será o socialista espanhol Josep Borrell. Com
tanta negociação é de esperar que as escolhas tenham sido acertadas e que os
escolhidos sejam capazes de fortalecer a unidade da Europa.