O último adeus a Montserrat Caballé deu origem a uma homenagem nacional e
tornou-se num acontecimento político relevante, a mostrar que a democracia
funciona até na Catalunha, apesar da existência de alguns dirigentes radicais
catalães.
A morte da soprano espanhola de 85 anos de idade acontecida no passado sábado num hospital de
Barcelona, a sua terra natal, consternou toda a Espanha porque ela era um dos
símbolos da cultura espanhola contemporânea, com um currículo artístico
singular em que fez mais de quatro mil apresentações em todo o mundo, entre
óperas e recitais.
Num tempo em que as tensões têm subido de tom na
Catalunha e pouco tempo depois do presidente da Generalitat ter incitado o povo a assaltar o Parlamento e de ter
feito um ultimato ao governo espanhol, as cerimónias fúnebres juntaram alguns dos
principais protagonistas do processo, a começar pela Casa Real representada
pela Rainha Emérita Sofia de Espanha, mas também o primeiro ministro espanhol
Pedro Sanchez, o presidente da Generalitat
da Catalunha Quim Torra, o ministro da Cultura espanhol, o líder do Partido
Popular e a presidente do Município de Barcelona. Gobierno e Govern unidos por Montserrat Caballé. A união pela cultura.
Todos os jornais publicaram a fotografia da cerimónia
fúnebre. Embora todos tivessem reparado que Sanchez e Torra se limitaram a um
mero cumprimento protocolar e que não trocaram palavra, a sua simples presença nesta
cerimónia ao lado de apoiantes e de adversários da causa catalã, mostra que o
diálogo é possível e que só esse caminho pode resolver o problema. Certamente
que Quim Torra, tal como Carles Puigdemont, aprenderão que as suas legítimas
aspirações independentistas não podem ser satisfeitas através de outra via que
não seja a do diálogo.