quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Um plano de paz com pernas para andar?

Donald Trump apresentou em Washington o seu plano em 21 pontos para acabar com a guerra em Gaza, que inclui o cessar-fogo, a troca dos reféns israelitas em poder do Hamas por algumas centenas de prisioneiros palestinianos, o desarmamento do Hamas e a instauração de um governo palestiniano temporário, a ser supervisionado por um “Conselho de Paz” internacional liderado por Donald Trump, com participação de figuras como Tony Blair, que ficará responsável pela administração de Gaza até que a Autoridade Palestiniana complete um programa de reformas. Será criada uma força internacional de estabilização temporária, a qual será imediatamente mobilizada para Gaza para garantir a sua segurança, havendo a retirada gradual das tropas israelitas.
Diz a imprensa que este plano foi acolhido favoravelmente por numerosos países, tanto na Europa como no mundo árabe, mas que também tem o apoio do Secretário-geral da ONU e do Papa Leão XIV, que vê este plano com satisfação e com esperança. Agora, falta apenas o apoio do Hamas e a superação das divisões internas israelitas.
Porém, depois de tanta crueldade e de tanto morticínio no terreno, mas também de avanços e de recuos na tentativa de chegar a um cessar-fogo, o plano agora assinado por Donald Trump e Benjamin Netanyahu, a quem Trump trata carinhosamente por Bibi, obriga qualquer pessoa a ter reservas, porque é difícil acreditar que a intenção de fazer de Gaza a Riviera do Mediterrâneo Oriental tenha sido descartada e que o direito dos palestinianos a viver na sua terra esteja agora a ser respeitado. Daí que, na sua edição de hoje, o jornal francês La Dépêche du Midi pergunte se “le plan Trump peut-il marcher”.
Na verdade, ninguém conhece as verdadeiras intenções de Trump e de Netanyahu em relação ao futuro da Palestina, não deixando de ser curioso que, segundo também refere a imprensa, "Trump considera insultuoso para os Estados Unidos se não receber o Nobel da Paz", o que pode significar que este plano chamado “Plano Abrangente para Acabar com o Conflito de Gaza” se destina a impressionar o Comité Nobel Norueguês, que é designado pelo Parlamento da Noruega e que atribui o prémio que Donald Trump tanto deseja. Seria demasiada hipocrisia e ninguém pode imaginar que possa ser uma coisas destas...