Há cinquenta
anos, no dia 25 de Abril de 1975, o processo democrático português cumpriu uma
das suas principais metas, que foi a realização de eleições livres, tal como
tinha sido prometido ao país no programa apresentado um ano antes pelo
Movimento das Forças Armadas. As eleições para a Assembleia Constituinte
realizadas nesse dia destinaram-se a eleger, por sufrágio universal, os 250
deputados que iriam redigir uma nova Constituição da República para substituir
a Constituição de 1933.
O recenseamento eleitoral
foi uma campanha memorável, porque os anteriores registos incluíam apenas cerca
de 1.800.000 eleitores e nos novos cadernos eleitorais foram registados
6.231.372 eleitores.
Apresentaram-se
ao escrutínio 12 partidos políticos e duas associações cívicas representativas
dos interesses de Macau, houve uma campanha eleitoral muito disputada e debates
televisivos a que os portugueses não estavam habituados e em que, entre outros
líderes políticos, puderam melhor conhecer Mário Soares, Francisco Sá Carneiro,
Álvaro Cunhal e Diogo Freitas do Amaral. Votaram 91,66% dos eleitores inscritos,
um resultado que nunca mais foi igualado e que mostrou o entusiasmo dos
portugueses pelo processo democrático. Foi, seguramente, uma das maiores
vitórias da revolução dos cravos.
No dia 2 de Junho
de 1975 a Assembleia Constituinte iniciou o seu mandato para redigir a
Constituição, com 116 deputados do PS, 81 do PSD, 30 do PCP, 16 do CDS, 5 do
MDP/CDE, um da UDP e um da ADIM - Associação para a Defesa dos Interesses de
Macau, enquanto o país continuou a ser governado por governos provisórios.
Com muita
oportunidade, o JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias dedicou a sua última
edição à história e às memórias das primeiras eleições livres.