Depois de um
processo que se estendeu por 43 dias, com votações nos 29 estados e nos sete union territories indianos, o apuramento
dos resultados das eleições para os 542 assentos do Lok Sabha, ou Parlamento
indiano, ficou concluído ontem. Narendra Modi, o actual primeiro-ministro
indiano, assegurou um novo mandato de cinco anos e continuará no seu posto.
A
vitória de Modi e do Bharatiya Janata Party (BJP), ou Partido do Povo Indiano,
foi muito expressiva pois conseguiu 303 assentos e, contando com os seus
aliados, contará com o apoio de 352 deputados (65%), como destaca hoje o Hindustan Times. É uma
vitória esmagadora, mas que é preocupante para alguns sectores da sociedade
indiana porque o BJP é, sobretudo, um partido nacionalista hindu e conservador,
que defende uma Índia orientada pelo hinduísmo e que, nalgumas regiões do país, tende a perseguir muçulmanos e
católicos, embora também se venha declarando como defensor do secularismo, na linha
preconizada pelo Mahatma Gandhi.
Os grandes
derrotados das eleições indianas foram Rahul Gandhi e o Indian National
Congress, que apenas conquistou 52 assentos. Rahul falhou e nem o seu carisma
familiar o salvou: bisneto de Nehru, neto de Indira e filho de Rajiv – todos
primeiros-ministros da Índia – o facto é que Rahul nem
sequer conseguiu eleger-se deputado pelo Uttar Pradesh, o estado que é o feudo
tradicional da sua família.
A Índia atravessa
uma fase de grande progresso tecnológico e já é a potência regional que domina
o oceano Índico, mas é uma sociedade complexa nas suas estruturas sociais, na
existência de uma economia dualista e na persistência de uma enorme pobreza.
Porém, o que certamente vai preocupar os indianos nos tempos que aí vêm será o extremismo
hindu que o BJP apoia, através de milícias ultraconservadoras como são o RSS -
Rashtrya Swayamsevak Sangh (União Nacional de Voluntários) ou a Hindu Yuva
Vahini (Força Jovem Hindu). Muçulmanos e católicos, sobretudo no norte da
Índia, têm muitas razões de preocupação, a não ser que a vitória e a poder reforçado
de Narendra Modi, bem como a pressão internacional, o empurrem para a moderação e para o secularismo religioso.