A 2ª volta das
eleições presidenciais na Turquia, realizadas no dia 28 de Maio, confirmaram a
tendência verificada na 1ª volta e deram a vitória a Recep
Tayyip Erdoğan com mais de 27 milhões de votos (52,16%), derrotando o candidato
Kemal Kılıçdaroğlu que obteve mais de 25 milhões de votos (47,84%). Depois de
duas décadas no poder, primeiro como chefe do governo e depois como presidente
em dois mandatos, o terceiro mandato presidencial de Recep Erdoğan inicia-se
com o país dividido entre a sua linha de estabilidade conservadora e a vontade
de mudança que animou o candidato derrotado.
Porém, Erdoğan prometeu unir a
Turquia, combater a inflação que está a afectar a economia e a sociedade turcas
e incrementar a gigantesca tarefa de reconstrução das áreas destruídas pelo
sismo de 6 de Fevereiro de 2023. Além disso, os desafios de Erdoğan passam pelo
seu papel como eventual mediador no processo de paz da Ucrânia, pela sua
atitude em relação à NATO e à adesão sueca, pela resolução das questões curdas,
pelo apaziguamento da sua relação com a Síria e, de uma forma mais geral, pela
construção de um prestígio regional que lhe reconheça o estatuto de potência
regional numa zona-charneira entre vários mundos.
Apesar de ter recebido mensagens de felicitações de todo o mundo,
incluindo das lideranças dos Estados Unidos e da União Europeia, o facto é que num
comício realizado poucas horas antes da votação, Recep Erdoğan
acusou o presidente Joe Biden de ter “dado ordens” aos turcos para que o derrotassem
nas urnas e o seu adversário Kılıçdaroğlu de se aliar
aos interesses ocidentais e de “atacar a Rússia, uma aliada económica e política
do país”. Estas tensões não se esquecem facilmente.
Do
que não restam dúvidas é que a presidência de Recep Erdoğan
vai dar à Turquia um maior protagonismo na política
internacional, embora a sua democracia (árabe) seja diversa das democracias do mundo ocidental.