quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Os meus parabéns para António Guterres

O Diário de Notícias anunciava na sua edição de hoje que “Guterres vai a votos frente a candidata de última hora”. Depois de ter vencido as cinco primeiras votações para a escolha do novo secretário-geral das Nações Unidas realizadas entre os 15 membros do Conselho de Segurança, o candidato António Guterres cuja candidatura para aquele cargo foi proposta em Fevereiro pelo governo português, foi confrontado com o aparecimento de uma nova candidatura, protagonizada pela búlgara Kristalina Georgieva com o apoio do seu governo, da chanceler Merkel e da Comissão Europeia.
Muita gente que apoiava a candidatura de Guterres, incluindo muitos comentadores, criticaram o aparecimento tardio de Georgieva e começaram a imaginar negociações de bastidores, sobretudo entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, de que poderia resultar a eleição de um outro candidato. Nessas circunstâncias, as características pessoais e a experiência política de António Guterres podiam deixar de impressionar o Conselho de Segurança, como acontecera até então.
Hoje a meio da tarde a notícia chegou: António Gueterres venceu a sexta votação dos membros do Conselho de Segurança, sem ter tido nenhum veto dos seus membros permanentes.
Pouco depois, o embaixador russo Vitaly Churkin, rodeado pelos embaixadores dos outros membros do Conselho de Segurança afirmou: "Hoje, depois da nossa sexta votação, temos um favorito claro e o seu nome é António Guterres. Decidimos avançar para um voto formal amanhã de manhã e esperamos fazê-lo por aclamação".
Foi a vitória de António Guterres e do governo português, num processo em que todos se uniram em torno de um homem exemplar (excepto um tal Mário David e mais alguns rapazolas que andam por Bruxelas), mas que também foi a afirmação do prestígio de que Portugal goza no mundo como país culturalmente aberto e amante da paz e do progresso.
Eu sou daqueles que acham que é bom para o nosso país que o secretário-geral da ONU seja um português! Estou orgulhoso. Parabéns e boa sorte!

Aniversário da implantação da República

Celebram-se hoje 106 anos sobre a data em que foi implantada a República Portuguesa, na sequência de uma revolta preparada pelo Partido Republicano Português que foi bem sucedida.
O descontentamento popular era enorme devido à crise económica e social, havendo fortes críticas à subordinação nacional aos interesses britânicos, ao poder da Igreja, aos gastos da Família Real e ao governo da Ditadura. Esse descontentamento vinha-se acumulando desde há muitos anos e os adversários da Monarquia aumentavam. O Regicídeo de 1908 foi um sério aviso. Quando os marinheiros e os soldados se revoltaram em Lisboa estavam politicamente enquadrados pelos partidos republicanos e por outras organizações políticas, tinham o apoio da população e encontraram uma resistência débil. Na Rotunda impôs-se a tenacidade, a coragem e a inteligência do comissário naval Machado dos Santos e na manhã do dia 5 de Outubro de 1910, os dirigentes do Partido Republicano Português dirigiram-se para os Paços do Concelho, de cuja varanda José Relvas proclamou a República em nome do Povo, do Exército e da Armada. Pela mesma hora o rei D. Manuel II e a Rainha D. Amélia suamãe, embarcaram na Ericeira para o exílio.
O dia 5 de Outubro passou a ser um dia de grande unidade nacional. Durante muitos anos foi feriado, teve cerimónia oficial e foi dia de festa. Depois deixou de ser tudo isso. Voltou o feriado e a cerimónia oficial, mas a festa foi esquecida, inclusive pela Imprensa.
Hoje, apenas o Diário de Notícias da Madeira evoca a proclamação da República e fá-lo com grande destaque. São sinais dos tempos e da falta de memória histórica por que passa a nossa Imprensa que, certamente, esteve muito envolvida no cocktail da inauguração do Maat.

Maat: o novo museu que nos enche a vista

Foi inaugurado ontem em Lisboa o novo Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia que resultou de uma iniciativa da Fundação EDP e que a publicidade e a imprensa já consagraram pela sigla maat.
Localizado na margem do rio Tejo na zona de Belém, o maat foi desenhado pela arquitecta britânica Amanda Levete e traz novas formas arquitectónicas à cidade de Lisboa, alinhando-se na mesma zona da cidade com outras expressões da arquitectura contemporânea, como são as instalações da Fundação Champalimaud concebidas pelo arquitecto goês Charles Correa e o Museu Nacional dos Coches desenhado pelo arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha. Esta zona histórica da cidade onde se encontram alguns dos mais simbólicos monumentos portugueses que evocam o nosso passado histórico, fica agora enriquecida com mais uma construção moderna, futurista e de grande qualidade arquitectónica, que valoriza a cidade de Lisboa e que tem características para se tornar uma referência no circuito internacional da arte contemporânea, para além de ser um novo e sofisticado miradouro sobre o Tejo.  
A EDP e a sua Fundação estão de parabéns por esta iniciativa cultural e aqui fica registado o meu aplauso, com base naquilo que a televisão nos mostrou e os jornais escreveram, porque só mais tarde visitarei este novo equipamento cultural.
Porém, os jornais dizem que o maat custou 20 milhões de euros. Assim sendo, esta obra custou apenas 2% do lucro anual da EDP que, habitualmente, atinge mais de mil milhões de euros. Nessas circunstâncias, os merecidos louvores à EDP têm que ser controlados, até porque todos esses lucros resultam da prática continuada e abusiva de preços exagerados que a EDP pratica nos seus fornecimentos de energia aos consumidores. Por isso, a EDP não exagerou na sua generosidade cultural, pois limitou-se a devolver à fruição dos cidadãos uma parte daquilo que mensalmente lhes tinha retirado.