Alguns jornais europeus, como aconteceu por exemplo
com o The Times, dedicaram hoje algum espaço à ofensiva jihadista em curso no território sírio,
cujas forças estarão apenas a um quilómetro do centro do sítio arqueológico de
Palmyra, cujas ruínas foram inscritas em 1980 na lista de Património da
Humanidade da UNESCO, em reconhecimento da sua história e do seu património, em
que se destaca o seu grandioso e belo teatro romano, as suas colunas romanas,
os seus templos e as suas torres funerárias.
Palmyra foi há dois mil anos uma importante
cidade-oásis no deserto sírio e uma paragem obrigatória na chamada rota da
seda, onde se misturaram influências gregas, romanas, persas e islâmicas. Hoje,
a cidade tem um grande valor estratégico pois nos seus arredores há aquartelamentos
militares, depósitos de armas e um aeroporto militar, mas é também um elemento
essencial para dominar os campos de exploração de gás natural e de petróleo que
se situam naquela região. A hipótese dos combatentes do Estado Islâmico
atingirem o centro histórico de Palmyra está a assustar a UNESCO e o mundo civilizado. Depois do que sucedeu
nas cidades iraquianas de Hatra, Nimrud e Mossul, mas também em algumas
localidades sírias, como por exemplo em Damasco e Aleppo, com os bulldozers e os irracionais golpes de
marreta a destruir o milenar património artístico da antiga Mesopotâmia, há
enormes preocupações sobre o que possa acontecer em Palmyra. Por outro lado, os
jihadistas do Estado Islâmico também têm conduzido pilhagens nos sítios
arqueológicos para venderem clandestinamente os objectos mais pequenos e assim
financiarem as suas actividades e a guerra contra o regime de Bashar al-Assad.
Estão referenciados combates muito intensos entre as forças governamentais sírias
e as forças jihadistas e os próximos
dias ou horas são decisivos para salvar ou perder Palmyra e o seu milenar
património.