segunda-feira, 14 de abril de 2025

R.I.P. Carlos de Matos Gomes

Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes, Coronel de Cavalaria e Capitão de Abril, deixou-nos ontem aos 78 anos de idade e, segundo foi comunicado pela família, “partiu sereno e com as músicas de Abril”.
Aquela triste notícia foi um choque para os seus amigos e enlutou todos os que com ele combateram na Guiné e lhe conheciam a coragem física, a lucidez da inteligência e os ideais democráticos, mas também a sua vasta cultura, a excelência da sua obra literária e os seus conhecimentos sobre a nossa história contemporânea.
Carlos de Matos Gomes foi um militar brilhante e um combatente de eleição que serviu nos Comandos, tendo participado em muitas operações militares, de que se destaca a Operação Ametista Real, uma das mais ousadas que se realizaram na Guiné, quando o PAIGC e os seus aliados cubanos já dominavam boa parte do território. A violência da guerra foi a sua inspiração para sonhar com a Paz e para lutar pela Democracia, sendo um dos primeiros capitães a conspirar activamente em torno do ideal que levaria ao 25 de Abril de 1974.
Com o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz publicou várias obras literárias sobre o tema da guerra colonial, em que se destaca o romance “Nó Cego” e, como investigador, publicou várias obras de natureza histórica em parceria com o Coronel Aniceto Afonso, de que sobressai “Guerra Colonial”. No ano passado, usando o seu próprio nome, publicou “Geração D” que é uma homenagem e uma biografia da geração que conheceu a ditadura, a repressão, a guerra colonial e fez o 25 de Abril de 1974.
O desaparecimento físico de Carlos de Matos Gomes, de que eu era amigo há mais de 50 anos, é uma perda irreparável para toda a geração que sonhou com um país livre, democrático, pacífico e socialmente justo.

Uma grande vitória de João Almeida

O ciclista João Almeida triunfou na 64ª edição da Volta ao País Basco, a famosa Itzulia 2025, que integra o calendário da UCI World Tour, tornando-se no primeiro português a vencer esta prova, que é caracterizada pela exigência do seu percurso e pelas suas íngremes e desafiadoras subidas.
Correndo com a camisola da equipa UAE Emirates e competindo com muitos dos grandes nomes do ciclismo mundial, o ciclista de A-dos-Francos teve um comportamento de elevado nível e os desportistas portugueses puderam ver a sua incontestável vitória na prova, mas também em duas das seis etapas da corrida, através da sua transmissão televisiva em directo. 
João Almeida já antes ganhara a Volta à Polónia e a Volta ao Luxemburgo, já brilhara no Giro de Itália e na Vuelta à Espanha, mas esta vitória no País Basco coloca-o em definitivo num elevado patamar do ciclismo mundial. Nas suas palavras, este foi o maior triunfo da sua carreira, mas pode mesmo afirmar-se que foi um dos maiores sucessos do ciclismo e até do desporto português.
Porém, nenhum jornal português, generalista ou desportivo, destacou o feito desportivo de João Almeida, para além de pequenas referências de primeira página. Os próprios jornais bascos que muito apostam no noticiário desportivo, também ignoraram esta vitória, muito provavelmente por João Almeida ser português. A excepção foi o jornal Gara, que se publica em Donostia (San Sebastián) e que é o terceiro jornal mais lido na Comunidade Autónoma Basca.
Aqui se regista o nosso aplauso pelo sucesso de João Almeida na famosa Itzulia 2025.