O mundo está a
atravessar tempos difíceis e o movimento de protesto contra o racismo e a
violência policial, que explodiu nos Estados Unidos depois da brutal morte de
George Floyd, está a expandir-se por outros países e uma das formas que vem
assumindo é o derrube e a vandalização de estátuas, porque serão símbolos do
imperialismo e do colonialismo.
A vandalização de
estátuas não é um fenómeno novo, inclusivamente em Portugal, onde já foram
vandalizadas estátuas de Pedro Álvares Cabral, do Padre António Vieira, do
general Gomes da Costa e até de Eça de Queiroz, por activistas ou por vândalos
que por vezes mostram um desconhecimento enviesado da História.
Na actual
situação de protesto, o derrube da estátua de Edward Colston em Bristol, mas
também a remoção das estátuas do rei Leopoldo II em Bruxelas e Antuérpia ou a
vandalização da estátua de Cecil Rhodes em Oxford, têm sido os casos mais
destacados pela imprensa, como exemplos do que tem sido chamado “a descolonização
do espaço público”. Porém, nos Estados Unidos terão sido vandalizados dezenas
de monumentos e estátuas, por vezes com absoluta irracionalidade como aconteceu
em Washington com uma estátua de Lincoln, que foi o homem que acabou com a
escravatura e que foi acusado de ser racista. Outro caso refere-se a Cristovão
Colombo, o primeiro europeu que chegou ao Novo Mundo e que é celebrado em
muitos países, mas que agora alguns grupos acusam de ter escravizado e
assassinado povos indígenas. As suas estátuas estão a ser vandalizadas e, como
hoje mostra na sua primeira página The Boston Globe, a estátua de
Colombo em Boston foi decapitada. Pode ser vandalismo ou pode ser uma tentativa
de emendar a História. Nem uma coisa nem outra se justificam.