quinta-feira, 11 de junho de 2020

Mário Centeno: aprovado com distinção

O ministro Mário Centeno demitiu-se ontem, depois de ter estado 1664 dias à frente do Ministério das Finanças, o que é um caso único em Portugal. Quando no dia 26 de Novembro de 2015 iniciou as suas funções no XXI Governo Constitucional, a credibilidade financeira externa portuguesa era péssima, com a notação de crédito da República classificada como
lixo pela famosa agência de rating Moody’s e com o governo sujeito ao chamado procedimento por défice excessivo. Dois anos depois, a competência e a reputação de Mário Centeno, bem como a imagem de responsabilidade orçamental que criou para o país, fizeram com que fosse eleito presidente do Eurogrupo. Os bancos europeus já tinham passado a recomendar a compra de dívida portuguesa e os juros baixaram substancialmente fazendo poupar muitos milhões de euros aos contribuintes portugueses. Um a um, os handicaps das finanças portuguesas foram sendo ultrapassados. Em 2019, pela primeira vez em quase cinquenta anos de democracia, as contas públicas fecharam com um saldo positivo e o Orçamento do Estado para 2020, aprovado antes da chegada do covid-19, previa um saldo novamente positivo.
Mário Centeno foi o rosto e o principal responsável por esta evolução. Ele é um dos raros portugueses que se doutorou na Harvard Business School da Universidade de Harvard, que é considerada a melhor escola de economia do mundo e é professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, que é considerada a melhor escola de economia de Portugal. O anúncio da sua saída do governo deu origem a rasgados elogios do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, enquanto a sua saída da presidência do Eurogrupo suscitou uma série de reacções elogiosas na União Europeia. Ninguém tem dúvidas que a acção de Mário Centeno, a sua competència e as suas “contas certas”, foram decisivas para o verdadeiro milagre que tem sido a recuperação do prestígio financeiro português.
Não é costume fazer elogios de políticos neste espaço, até porque são muito poucos os que os merecem. A generalidade dos políticos não entende que são servidores públicos, fala do que sabe e do que não sabe, é pouco qualificada e não tem qualquer experiência profissional. Lamentavelmente, são alguns deles que não alinham no louvor geral à acção de Mário Centeno, que aqui justamente se aplaude.

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