O ministro Mário
Centeno demitiu-se ontem, depois de ter estado 1664 dias à frente do Ministério
das Finanças, o que é um caso único em Portugal. Quando no dia 26 de Novembro de 2015
iniciou as suas funções no XXI Governo Constitucional, a credibilidade
financeira externa portuguesa era péssima, com a notação de crédito da
República classificada como lixo pela
famosa agência de rating Moody’s e com
o governo sujeito ao chamado procedimento por défice excessivo. Dois anos
depois, a competência e a reputação de Mário Centeno, bem como a imagem de
responsabilidade orçamental que criou para o país, fizeram com que fosse eleito
presidente do Eurogrupo. Os bancos europeus já tinham passado a recomendar a
compra de dívida portuguesa e os juros baixaram substancialmente fazendo poupar
muitos milhões de euros aos contribuintes portugueses. Um a um, os handicaps das finanças portuguesas foram
sendo ultrapassados. Em 2019, pela primeira vez em quase cinquenta anos de democracia,
as contas públicas fecharam com um saldo positivo e o Orçamento do Estado para
2020, aprovado antes da chegada do covid-19,
previa um saldo novamente positivo.
Mário Centeno foi
o rosto e o principal responsável por esta evolução. Ele é um dos raros
portugueses que se doutorou na Harvard Business School da Universidade de
Harvard, que é considerada a melhor escola de economia do mundo e é professor
catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de
Lisboa, que é considerada a melhor escola de economia de Portugal. O anúncio da sua saída do governo deu origem a rasgados
elogios do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, enquanto a sua saída
da presidência do Eurogrupo suscitou uma série de reacções elogiosas na União
Europeia. Ninguém tem dúvidas que a acção de Mário Centeno, a sua competència e
as suas “contas certas”, foram decisivas para o verdadeiro milagre que tem sido
a recuperação do prestígio financeiro português.
Não é costume
fazer elogios de políticos neste espaço, até porque são muito poucos os que os
merecem. A generalidade dos políticos não entende que são servidores públicos, fala
do que sabe e do que não sabe, é pouco qualificada e não tem qualquer experiência
profissional. Lamentavelmente, são alguns deles que não alinham no louvor geral
à acção de Mário Centeno, que aqui justamente se aplaude.
Sem comentários:
Enviar um comentário