O Jornal de Notícias destaca hoje em
primeira página que todos os dias fecham 6 lojas na cidade do Porto e essa
notícia é realmente alarmante, sobretudo porque se refere a uma situação com
que nos deparamos quotidianamente nas cidades e nas vilas, nas ruas, nos
centros comerciais e um pouco por toda a parte. Em subtítulo o jornal
acrescenta que “os comerciantes não aguentam o aumento de impostos, a subida do
preço das rendas e a falta de clientes”.
O comércio local
é um dos vectores da vida da comunidade e o seu declínio arrasta o declínio da
comunidade e dos seus modos de vida. Todos conhecemos essa deprimente realidade
recessiva que é mais um sinal do empobrecimento, da desertificação e do
desconsolo nacionais, mas também da cegueira de muitos dos nossos dirigentes
que parecem indiferentes perante os dramas humanos que estão por trás de cada
uma das lojas que fecham. Julgo que não são conhecidas estatísticas actualizadas
relativas ao encerramento de pequenas empresas e das chamadas lojas do comércio
local, mas é hoje evidente que esse número está a aumentar descontroladamente e
que esse facto representa a destruição de uma estrutura económica tradicional e
a ruptura com um modelo de actividade comercial que dava emprego a muita gente
e, consequentemente, contribuía para a estabilidade e para a coesão social. E
se isto está a acontecer de forma tão acelerada é preciso travar este declínio
e escolher outro caminho que não este.