Hoje foi o Dia de
Natal e, segundo a tradição cristã, celebrou-se por todo o mundo o nascimento
de Jesus Cristo. Trata-se de uma das mais importantes datas da liturgia da
Igreja Católica, mas nas últimas décadas a festa religiosa tem-se transformado
numa festa profana em que os tradicionais símbolos do presépio e do Menino
Jesus foram acrescentados ou substituídos pelas luminosas árvores de Natal
“made in China”, pelo Pai Natal que viaja de trenó e já não desce pela chaminé,
assim como por outros símbolos natalícios, sobretudo gastronómicos, que têm alterado o
significado do Natal.
No entanto, o Natal ainda
permanece como a festa das famílias e dos amigos, dos votos pela paz no mundo e da
solidariedade para com os mais desfavorecidos, embora venha derivando cada vez mais
para um sentido consumista e mercantil, de que a troca de presentes muito bem embrulhados, muitas
vezes sem que satisfaçam qualquer necessidade dos presenteados, seja o seu aspecto
mais visível. Criou-se uma verdadeira indústria do Natal com base no culto do
desperdício e da inutilidade, em que as pessoas cedem aos mais primários instintos consumistas
sob a capa da festa do Natal e, sobre a pressão dos interesses comerciais, deixou de ser uma festa eminentemente religiosa. Hoje, o Natal é celebrado pelos cristãos e pelas outras religiões, porque a lógica consumista é realmente um fenómeno global.
Por tradição, no
Dia de Natal não são publicados jornais, mas a generalidade da imprensa
americana e francesa não segue esta regra e aproveita este dia para saudar os seus
leitores com os seus votos de Boas Festas. Porém, o que é curioso é o que
acontece na Malásia que, sendo um país muçulmano, também adoptou o Natal
do consumo e do desperdício com grande intensidade. Assim, a edição de hoje do jornal Star que
se publica em Kuala Lumpur, publica a fotografia de animados Pais
Natais malaios a toda a largura da sua primeira página. Até parece um paradoxo.
Efectivamente, a tradição do Natal já não é o que era.