sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A crise venezuelana continua sem solução

A Venezuela é o 32º maior país do mundo em território e tem 916 mil km2 de superfície, ou seja, é dez vezes maior do que Portugal. A sua fronteira marítima tem 2.800 km, enquanto as fronteiras terrestres com o Brasil e com a Colômbia têm 2.199 km e 2.050 quilómetros de extensão, respectivamente. É muito território e é muita fronteira e, por isso, há que ter muito cuidado na abordagem da questão venezuelana que é grave, mas que talvez não seja tão grave como as agências e os mass media internacionais a têm descrito.
O boicote económico que tem sido feito ao regime venezuelano associado a uma desastrosa gestão do país têm produzido resultados que estão à vista, com a falta de bens alimentares e outros produtos básicos, sobretudo medicamentos, mas também como uma progressiva degradação do ambiente económico e social. A inflação acumulada no ano de 2018 atingiu o inacreditável valor de 1.698.488% e o FMI estima que em 2019 possa atingir um patamar de 10.000.000%. A população anda assustada e foge do país ou, então, engrossa as manifestações que inundam Caracas.
Vemos, ouvimos e lemos que há duas venezuelas. Que há dois presidentes que não se entendem, apesar dos esforços do Uruguai, do México, da União Europeia e até do Papa. A União Europeia criou um Grupo de Contacto Internacional, em que Portugal está integrado, para apaziguar a situação e promover a realização de eleições que evitem intervenções externas e confrontos internos. Entretanto, o auto-proclamado presidente interino Juan Guaidó tem pedido ajuda humanitária, sobretudo medicamentos e alimentos. Segundo parece essa ajuda começou a chegar a Cúcuta (Colômbia) para seguir para Ureña (Venezuela), através da Ponte Internacional de Tienditas, uma ponte monumental que foi construída para potenciar as relações entre os dois países, mas que está pronta há três anos, mas não foi inaugurada porque os dois países andam de costas voltadas. Entretanto os militares de Nicolas Maduro decidiram bloquear a ponte e impedir a entrada da ajuda humanitária. Vá-se lá saber porquê... Até parece que o Maduro está orgulhosamente só, como o outro?