Foi hoje largamente divulgado que a crise e o desemprego têm conduzido a uma situação de crescente dificuldade dos devedores para cumprir as suas obrigações e dos credores para assegurar as respectivas cobranças.
Esta situação do incumprimento resulta do excessivo endividamento dos portugueses e, em muitos casos, dos elevadíssimos juros que contratualmente lhes são cobrados pelo que, nos termos da lei, os credores recorrem à penhora de bens, de contas bancárias ou de salários. Estima-se que actualmente haja cerca de cem mil pessoas com os seus salários penhorados, embora a lei limite a penhora até um terço do montante salarial.
Normalmente, as dívidas dizem respeito a contratos celebrados com entidades que financiam aquisições a crédito, sobretudo sociedades financeiras e bancos, prestadores de serviços de telecomunicações, entre outros.
Esta situação já constitui um grave problema social e, mais uma vez, estamos perante um caso em que a ganância das entidades financeiras arrastou milhares de pessoas para esta situação. Todos nos lembramos do incentivo da publicidade bancária para que as pessoas recorressem ao crédito para consumir, viajar, comprar casa, mudar de carro, antecipar salário, para tudo comprar. Parecia um assalto à carteira de cada um. Agora condenam-se as pessoas que foram iludidas e se excederam, mas ninguém acusa a irresponsável ganância dos Bancos e dos seus gestores, que enriqueceram à custa de tudo isto.
Não podemos ter memória curta!