quinta-feira, 16 de maio de 2019

É preciso desanuviar o clima de ameaça

Os Estados Unidos e a Rússia, que continuam a ser as superpotências militares do nosso planeta, também continuam a defrontar-se nos diferentes conflitos regionais que vão acontecendo pelo mundo, numa lógica que vem desde Fevereiro de 1945 quando se realizou a conferência de Yalta, onde Franklin Roosevelt e Josef Stalin, com a presença de Churchill. Foi então que decidiram a repartição das zonas de influência respectivas depois do fim da 2ª Guerra Mundial.
Nos últimos tempos, a imprevisibilidade de Donald Trump tem causado alguma perturbação na política internacional e, por isso, o encontro que esta semana tiveram em Sochi o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo e o seu homólogo russo Sergei Lavrov e, depois, o presidente Vladimir Putin, tornou-se um acontecimento importante.
Numa altura em que se verifica um aumento da tensão entre os Estados Unidos e o Irão, centrado no estreito de Ormuz, estes encontros servem para esclarecer as duas superpotências sobre os seus pontos de vista e para definir linhas vermelhas, mas também para fazer com que o mundo se sinta mais seguro. As palavras desanuviamento e contenção tornam-se cada vez mais necessárias, em vez das palavras ameaça e confronto. O encontro de Sochi terá servido para restabelecer as boas relações entre os dois países, mas também para discutir os tratados nucleares, nomeadamente a extensão do tratado START III relativo à redução de armas nucleares que expira em 2021, assim como a situação no Irão, na Ucrânia, na Venezuela e na Síria.
Os jornais russos, nomeadamente o Коммерсант ou Kommersant, publicaram a fotografia do encontro entre Putin e Pompeo, o que parece corresponder a um grande interesse russo neste encontro. O facto é que, como acontece desde 1945, as instabilidades regionais e as ameaças à paz mundial, são sobretudo uma consequência da geografia do petróleo e das matérias-primas, em paralelo com o negócio do armamento. É assim, também, na Venezuela e na Síria, no Irão e na Ucrânia.  Portanto, há que haver alguma contenção e desanuviar.