segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O SNS e a crise nos serviços de saúde

Nas sociedades democráticas como é a sociedade portuguesa desde 1974, os direitos dos cidadãos têm expressão constitucional e, entre outros, os direitos sindicais são respeitados. Utilizando esse direito e através dos seus sindicatos, as corporações profissionais dos médicos, dos enfermeiros, dos professores, dos polícias e de outras corporações com capacidade reivindicativa, procuram melhorar as suas condições salariais, mas o facto é que “as necessidades são ilimitadas mas os recursos são escassos”, isto é, nem sempre é possível satisfazer as reivindicações por mais justas que sejam. No caso dos médicos e dos outros profissionais de saúde, que são o sustentáculo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o problema parece ser bem complexo devido ao aparecimento da concorrência dos hospitais privados, ao duplo emprego dos profissionais, ao aumento exponencial da procura dos serviços de urgência e a outros condicionamentos. Quando acontecem os picos de covid ou da gripe a situação torna-se bem mais grave. Porém, nunca o SNS teve tanto dinheiro como agora, o que parece indiciar que estamos perante um caso de má organização e de péssima gestão! Queixam-se muitos utentes que o SNS funciona mal e que obriga a largos tempos de espera nas urgências hospitalares, o que é logo aproveitado pelas televisões para fazer o seu trabalho de propagandear o que está mal e ignorar o que está bem, isto é, as televisões seguem a regra em que a notícia é ”o homem que morde o cão e não o cão que morde o homem”. Com a aproximação de eleições, porque o assunto é importante, é colocado no topo da agenda mediática, entrando-se no campo da demagogia e dos demagogos.
O problema existe e é preocupante, mas não é exclusivo de Portugal. Ontem, o jornal Le Parisien dedicou uma larga reportagem aos hospitais e ao “l’enfer aux urgences” francesas e, tudo o que lá está escrito, mostra que o nosso SNS compara para melhor com os serviços de saúde franceses e, como já era sabido, também com o National Health Service (NHS) inglês. Viva o SNS!