No próximo dia 2 de Setembro, o ex-presidente brasileiro Jair
Bolsonaro e mais sete réus vão começar a ser julgados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) em Brasília, por tentativa de golpe de Estado.
Jair Bolsonaro é acusado como o “principal articulador, maior
beneficiário e autor” das várias acções de vandalismo e insubordinação que
visaram a ruptura do Estado e a sua manutenção no poder, apesar de ter sido
derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de
30 de Outubro de 2022. Porém, Bolsonaro não aceitou a derrota e, no dia 8 de Janeiro de
2023, milhares de fanáticos bolsonaristas assaltaram os edifícios dos Três
Poderes em Brasília, para rejeitar os resultados eleitorais, contestar a
democracia brasileira e impedir a posse de Lula da Silva, numa acção comparável
ao assalto ao Capitólio, feito em Washington pelos apoiantes de Donald Trump no
dia 6 de Janeiro de 2021.
Os crimes de que Bolsonaro é acusado são graves e estão
tipificados como organização criminosa armada, tentativa
de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano
qualificado contra o património do Estado.
Na sua mais recente edição, a revista The Economist dedicou uma alargada
reportagem ao julgamento de Bolsonaro com o título “Brazil offers America a
lesson in democratic maturity”, referindo que será um teste à forma como os
países se podem livrar da febre populista que os assola, tendo como referencial
a figura de Donald Trump. Segundo a revista, o “Trump dos trópicos” e os outros
réus “serão considerados culpados”, porque a memória dos horrores da ditadura
ainda está presente na memória dos brasileiros e a maioria dos políticos, da
esquerda e da direita, bem como os grandes empresários, querem esquecer a
“loucura de Bolsonaro e a sua polarização radical”.
O julgamento de Jair Bolsonaro pode ser, de facto, uma grande lição que o
Brasil pode ensinar aos Estados Unidos e ao mundo.
Esperemos que assim seja!