sábado, 8 de outubro de 2022

Os interesses da indústria do armamento

Celebrou-se hoje, dia 8 de Outubro, o 90º aniversário da Indian Air Force, que foi criada em 1932 pelo governo colonial britânico. Os principais jornais indianos destacam o acontecimento porque a Índia carece deste tipo de celebrações para reforçar a unidade nacional de um país multiétnico, multicultural e multireligioso, onde são faladas mais de trezentas línguas, das quais cerca de três dezenas são línguas oficiais. 
Daí que, a imprensa informe que a Índia tem a quarta maior Força Aérea do mundo e descreva os seus feitos militares, em que aparece a Operação Vijay que em 1961 anexou a Índia Portuguesa. No entanto, para além desse aspecto de fazer convergir o país para a unidade nacional, a Índia tem ambições regionais e, por isso, faz grandes investimentos militares para disputar a hegemonia regional com o Paquistão, o seu rival estratégico e religioso que, tal como a Índia, também é uma potência nuclear.
Tudo isso parece ser normal. Porém, o que é mais surpreendente nestas comemorações é o anúncio publicado na primeira página do jornal The Pioneer, um jornal centenário com edições diárias em várias cidades indianas, em que a General Atomics Aeronautical (ga-asi.com), uma multinacional americana com sede em San Diego, que parece dominar o mercado mundial de Remotely Piloted Aircraft, vulgarmente conhecidos por drones, se anuncia à Força Aérea Indiana através de publicidade paga. Já não se trata de vender viagens turísticas ou de publicitar boeings, mas apenas de vender sofisticado material de guerra. Era costume os americanos, os russos, os franceses e outros produtores de armamento, aparecerem na Índia para discretamente venderem os seus produtos. Ao menos, faziam isso discretamente. Agora a novidade é o anúncio de armamento, o que parece mostrar quem são os interessados nas guerras.