Estamos a assistir diariamente a preocupantes sinais de um alastramento do conflito ucraniano a
outras esferas que não apenas a específica área militar, com destaque para a esfera
económica e para as sanções que têm sido impostas à Federação Russa por
inúmeros países. Uma das sanções mais dolorosas para os russos, terá sido a Executive Order (O.E.) de 8 de Março,
assinada por Joe Biden, em que é proibida aos americanos a importação de
petróleo, gás natural e carvão russos, isto é, os Estados Unidos decretaram o embargo
à importação de hidrocarbonetos ou energias fósseis russas.
Porém, é sabido
como a globalização deu origem a uma enorme interdependência entre as economias
e como os factores de produção se encontram muito dispersos, pelo que o
processo produtivo se internacionalizou e mostra como todos são cada vez mais
dependentes de todos. Por isso, todos os embargos têm um efeito bumerangue, pois afectam as duas partes
do processo e nem todos se sujeitam aos diktats
políticos.
Só assim se
compreende a notícia que hoje é destacada pelo jornal financeiro francês La
Tribune, em que revela que apesar do embargo, os Estados Unidos
continuam a importar petróleo russo. A investigação baseou-se na consulta do
portal marinetraffic.com, que regista
os movimentos de navios petroleiros, bem como as datas e portos de partida e de chegada. Assim, o jornal verificou o registo de chegada a
portos americanos de vários navios hasteando diferentes bandeiras, uns saídos de
Krasnodar, no mar Negro, e outros de Ust-Luga, na região de São Petersburgo. O
jornal diz ainda que “pelo menos sete petroleiros provenientes da Rússia,
navegam actualmente para os Estados Unidos com petróleo russo, segundo os dados
do portal marinetraffic.com”.
Segundo o jornal,
estes fluxos mostram que apesar do embargo, os hidrocarbonetos russos continuam
a chegar aos Estados Unidos e que se elevam a cerca de 148 mil barris diários. Para além da tragédia
humana e da destruição, é realmente cada vez mais difícil perceber o que se está
a passar no meio de tantas hipocrisias.